Forte como um tanque e com 215 milhões de anos. Descoberto dinossauro primo dos crocodilos

Márcio L. Castro

O aetossauro do Triássico Garzapelta muelleri ajuda a explicar a evolução dos dinossauros com “armadura”.

Um novo estudo publicado na The Anatomical Record revela a descoberta de uma colossal criatura blindada que vagueava pela Terra há 215 milhões de anos, durante o período Triássico tardio.

Denominado Garzapelta muelleri, este aetossauro, primo distante dos crocodilos modernos, foi descoberto na Formação Cooper Canyon, no noroeste do Texas. Caracterizado pelas suas extensas placas ósseas, conhecidas como osteodermas, e distintos espinhos curvos ao longo dos flancos, o animal atingia comprimentos de até 5 metros, o que rendeu aos aetossauros o apelido de “tanques do Triássico“.

A equipa conseguiu recuperar uma porção significativa do carapaça dorsal da criatura, ou armadura traseira, que incluía elementos desde a parte de trás do pescoço e ombros até à ponta da cauda. Este nível de preservação é incomum, pois as descobertas fósseis desta natureza geralmente incluem material muito limitado.

Sabe-se que os aetossauros viveram em todos os continentes exceto na Austrália e Antártida, sendo este grupo de criaturas principalmente omnívoros, em contraste com a dieta estritamente carnívora dos crocodilos de hoje, revela o Live Science.

A descoberta do Garzapelta muelleri foi inicialmente feita em 1989 pelo falecido paleontólogo Bill Mueller, juntamente com o colecionador amador local Emmett Shedd. Embora estudos iniciais nos primeiros anos 2000 sugerissem que era uma nova espécie, a sua história evolutiva permaneceu um mistério até agora.

O nome do género, Garzapelta, combina “Garza” do Condado de Garza, onde o fóssil foi encontrado, com a palavra latina “pelta” para “escudo”, enquanto o nome da espécie homenageia Mueller. As características únicas dos osteodermas do Garzapelta muelleri distinguem-no de aetossauros conhecidos, o que dificulta a determinação do seu exato lugar na árvore genealógica dos aetossauros.

Geralmente, os aetossauros são classificados em dois grupos principais: Aetosaurinae e Stagonolepidoidea. O Garzapelta muelleri partilha características com espécies de ambos os grupos, complicando a sua classificação.

No entanto, a equipa de pesquisa concluiu cautelosamente que se alinha mais de perto com Aetosaurinae, sugerindo que os seus espinhos evoluíram independentemente através da evolução convergente – um processo onde espécies não relacionadas ou distantes desenvolvem características similares de forma independente.

Esta descoberta não só destaca a diversidade e complexidade da vida pré-histórica, mas também sublinha os desafios enfrentados pelos cientistas na desvenda da história evolutiva de criaturas antigas.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.