Desta vez, Ventura tem razão: o Chega conseguiu algo inédito em Portugal

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Miguel A. Lopes / LUSA

André Ventura (Chega) vota

PS e PSD tinham vencido sempre as eleições no estrangeiro. Curiosamente, partido de Ventura só ganhou em três países.

O Chega terá surpreendido muita gente ao ser o partido com mais votos nas eleições legislativas, entre os emigrantes.

A contagem dos votos encerrou nesta quarta-feira: 18,30% para o Chega, 16,79% para a AD e 15,73% para o PS.

Resultado: dois deputados para o partido de André Ventura, um para a AD e um para o PS.

Bem longe ficaram os restantes partidos, todos com zero deputados eleitos no estrangeiro: BE, IL e PAN (todos com pouco mais de 2%) e Livre e CDU a rondarem 1%.

Entre os “outros”, o partido mais votado foi… o ADN – mais de 2 mil votos, 0,62% das preferências.

O Chega foi o partido preferido nos emigrantes que vivem na Europa, à frente do PS. Mas só venceu em dois países: Luxemburgo e Suíça. Em todos os outros países ficou, ou em segundo, ou em terceiro lugar.

O que marcou a diferença? Sobretudo, a vitória na Suíça: quase 33% dos votos, bem longe dos 13% da AD – e na Suíça votaram quase 50 mil pessoas, foi o segundo país com mais votos. Conseguiu aqui uma margem significativa.

O país com mais eleitores portugueses é a França e, aí, o Chega ficou muito perto do vencedor PS: 14 mil votos contra quase 16 mil dos socialistas.

Só nestes dois países – Suíça e França – o partido de Ventura conseguiu mais de 30 mil votos, num total de 43 mil que obteve em toda a Europa.

No Luxemburgo, quase 2.700 pessoas votaram no Chega, à frente das quase 2 mil que preferiram a AD.

Na Europa, o Chega apenas ficou longe da vitória em Espanha: menos de 900 votos, praticamente um terço da vencedora AD.

Fora da Europa, a AD ganhou e o Chega ficou no segundo lugar. Aqui, só venceu no país onde já se esperava: Brasil, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiou publicamente o partido português.

Foram quase 14 mil votos entre os brasileiros, num total de 18 mil que o Chega conseguiu fora da Europa. Ou seja, neste círculo eleitoral, 78% dos votos que o Chega teve foram no Brasil.

O pior país para o Chega foi a China: apenas 330 votos, ou 5,36% do total. Mesmo assim, ficou no terceiro lugar.

Contas globais: 61 mil emigrantes votaram no Chega – desses, 44 mil vivem, ou na Suíça, ou em França, ou no Brasil. Resumindo: 72% dos votos do Chega foram conseguidos nestes três países fundamentais para as contas globais. Em dois deles, venceu mesmo; no outro, ficou perto do triunfo.

“Nunca visto”

“É um resultado histórico e nunca visto em 50 anos de democracia”.

André Ventura foi acusado de mentir constantemente durante a campanha eleitoral. Quer por analistas e comentadores, quer por adversários políticos até durante os debates na televisão.

Mas, desta vez, tem razão: é um resultado nunca visto em Portugal.

Até 2024, a vitória entre os emigrantes em eleições legislativas tinha sido sempre, ou do PS, ou do PSD (com ou sem coligação).

O CDS também se intrometeu – um deputado em 1976, em 1983 e em 1985, sempre fora da Europa – mas nunca foi o partido mais votado no estrangeiro.

O Chega já tinha conseguido outro registo histórico, mas não inédito: venceu num círculo eleitoral em Portugal. Aconteceu em Faro. A CDU tinha sido a última a intrometer-se entre os dois “grandes”, quando ganhou em Beja, em 1991. Desde então, PS e PSD venciam em todos os distritos – até agora.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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1 Comment

  1. Que triste povo não chegou 50 anos de ditadura, os políticos são os culpados porque até hoje não souberam educar um povo que já sofreu e vai continuar a sofrer não se iludam os votantes no CHEGA.

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