A esquerda acusa Luís Montenegro de dar a mão a posições extremas e de ter de esconder candidatos com ideias do Chega. O líder da Aliança Democrática (AD) encara com naturalidade as diferenças de ideias dentro da coligação.
Esta quinta-feira, o cabeça de lista da AD por Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa, afirmou que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas” e que são proibidas “novas plantações às cegas” por “ideologias de extrema-esquerda”.
Numa intervenção num jantar-comício em Ourém, o antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu que “a floresta não é apenas um parque temático ou um armazém de carbono, é economia”.
Mais uma vez, palavras reproduzidas por alguém da AD não caíram bem à esquerda.
Esta sexta-feita, no final de uma viagem de comboio entre a Covilhã e a Guarda, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, foi questionada sobre aquelas declarações, considerando que Luís Montenegro tem precisado de esconder candidatos que trazem para a AD “ideias que pertencem ao Chega”.
Segundo a líder do BE, isso aconteceu com o presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, que considerou “legítimo que um homem bata numa mulher” e também com o vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, ao defender um “novo referendo e a pôr em causa o direito civilizacional das mulheres ao aborto”.
“A cada mês, a cada dia, a cada semana que passa, Luís Montenegro vai tendo que esconder alguns candidatos do PSD que acabam por deixar entrar para dentro das ideias do PSD e da candidatura do PSD ideias que, na verdade, pertencem ao Chega”, condenou.
Por seu turno, Pedro Nuno Santos acusou a AD de ter entre os seus responsáveis negacionistas das alterações climáticas e de representar um projeto de regresso ao passado e de divisão entre os portugueses.
“A emergência climática é uma realidade, não podemos ignorá-la. Atinge a agricultura e os agricultores em primeira linha”, disse o secretário-geral do Partido Socialista (PS), após uma visita ao Hospital da Cova da Beira, na Covilhã.
O caso do cabeça de lista da AD por Santarém, de acordo com o secretário-geral do PS, “não constituiu um caso isolado” nesta campanha eleitoral.
“Dizem que têm grandes listas e grandes candidatos e depois dizem que não têm nada a ver com isso. Primeiro, tivemos um discurso divisionista [por parte do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho] em relação às migrações. Depois, tivemos um discurso de regresso ao passado sobre a interrupção voluntária da gravidez e direitos das mulheres por parte do segundo nome do CDS e quarto na lista da AD por Lisboa”, Paulo Núncio, acusou Pedro Nuno Santos.
Também a líder do PAN, Inês de Sousa Real, acusou a AD de dar a mão ao conservadorismo e de se extremar à direita.
“Luís Montenegro optou por dar a mão a um conservadorismo e fazer uma campanha digna dos tempos de 1970, ao invés de estar no século XXI a acompanhar aquele que é o progresso civilizacional e as preocupações como as que o PAN defende como o respeito pela vida animal ou o combate às alterações climáticas”, disse Inês Sousa Real, numa visita ao abrigo de animais da Associação Arca do Amor, no concelho de Mafra.
Na senda das farpas lançadas à AD, Inês Sousa Real considerou “absolutamente lamentável que a AD tenha optado por seguir o caminho de extremar-se à direita ao invés de promover valores da inclusão, do humanismo, do respeito”.
Montenegro desvaloriza
Luís Montenegro desvalorizou as diferenças de opinião dentro da AD e afirmou que é ele quem define o rumo da Aliança.
O presidente do PSD, que respondia a perguntas dos jornalistas, na Guarda, considerou que, quanto ao combate às alterações climáticas, “não há nenhuma dúvida com o comprometimento que a AD tem com o clima, com o ambiente”.
“Com a mesma naturalidade com que nós defendemos a transição ambiental, a transição energética, é preciso também dizer ao país que nós não podemos pôr as coisas a desnivelarem-se só para um lado. É preciso conciliarem-se as alterações climáticas, a transição energética com a vida real do país, com a agricultura, com a exploração florestal, com a atividade turística”, defendeu.
Confrontado com a soma destas declarações às do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, associando imigração e insegurança, e às do vice-presidente do CDS-PP Paulo Núncio, quarto candidato da AD no círculo de Lisboa, a favor de um novo referendo sobre o aborto, Luís Montenegro relativizou as diferenças de opinião dentro da coligação.
Segundo o presidente do PSD, “evidentemente que, sendo uma campanha de uma grande força, que congrega três partidos, cidadãos independentes, candidaturas fortes em todos os círculos eleitorais, atrai pessoas que não pensam 100% todas de forma igual“.
ZAP // Lusa
Cantas mal e não me alegras.
A mim não enganas tu.
Sei bem quem mora por debaixo do disfarce.
Sabemos todos o que vimos ouvimos e lemos na Assembleia da República enquanto líder parlamentar do tirano Passos Coelho.
A forma como o defendeu e acompanhou, não ficou a dever nada aos comentários dos seus convidados”de honra”.
Essas “Posições Extremas e Conservadoras”, estão na razão direta do que Luís Montenegro partilha, mas tenta “relativizar”, para enganar tolos.
Ninguém se iluda.
Pau que nasce torto jamais se corrige.
Eu chamo a isso democracia! Liberdade de expressão não aceita pela esquerda!