Novo referendo ao aborto. AD e Chega alinhados na vontade de reverter a lei

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José Sena Goulão / Lusa

O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio.

O vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, candidato a deputado por Lisboa pela Aliança Democrática (AD) às eleições legislativas de Março, defende um novo referendo ao aborto.

Foi durante um debate em Lisboa, no Auditório do Colégio São Tomás, promovido pela Federação Portuguesa pela Vida (FPV), que Paulo Núncio manifestou a vontade da AD de reverter “a liberalização da lei do aborto” através de “um novo referendo”, conforme cita a Rádio Renascença (RR).

A FPV convidou todos os partidos com assento parlamentar para o debate, mas apenas a AD e o Chega marcaram presença, como aponta a Rádio. E os dois partidos demonstraram estar alinhados nesta questão.

“Depois de a liberalização ter sido aprovada por referendo, embora não vinculativo, mas com significado político, é muito difícil reverter a lei apenas no Parlamento“, salientou Paulo Núncio, frisando, por isso, que é preciso fazer um “novo referendo”.

O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais também referiu que está a favor da adopção de medidas “no sentido de limitar o acesso ao aborto“.

Na mesma mesa do debate esteve o vice-presidente do Chega, Pedro Frazão, que também defendeu que “é preciso reverter as políticas de esquerda”, como cita ainda a Renascença.

O deputado do Chega também salientou que o seu partido quer criar “um fundo de emergência para famílias que pensam recorrer ao aborto por razões materiais”, nomeadamente “do foro financeiro”, ou por “falta de apoio logístico e familiar”.

“Será uma ajuda financeira, um balão de oxigénio para salvar uma vida“, apontou Frazão.

Chega e AD também estão contra eutanásia

Além da questão do aborto, o debate da FPV também abordou a lei da eutanásia que Pedro Frazão considera que “deve ir para o cesto dos papéis”.

“O presidente do meu partido, André Ventura, disse que seria a primeira iniciativa legislativa a entrar no Parlamento, quando houvesse a nova legislatura”, reforçou o deputado do Chega.

Paulo Núncio também se manifestou contra a legalização da eutanásia, sublinhando que a esperança da AD é que a lei seja declarada inconstitucional.

Joana Mortágua acusou Montenegro de estar “contra direito ao aborto”

À margem deste debate, e num discurso completamente contrário, a deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, lamentou as dificuldades de acesso à interrupção voluntária da gravidez no Serviço Nacional de Saúde (SNS), acusando Luís Montenegro, presidente do PSD, de ter estado “contra o direito ao aborto sempre que pôde no Parlamento”.

As declarações de Joana Mortágua foram feitas num comício da Incrível Almadense enquanto cabeça de lista do BE pelo distrito de Setúbal, onde a deputada também apontou o dedo a Pedro Nuno Santos, notando que o SNS está a falhar “às mulheres deste país”.

“Nós, mulheres deste país, somos credoras do progresso que conquistámos em todas as lutas pela igualdade e contra a violência de género e não tenham dúvidas de que vamos cobrar aquilo que nos é devido”, reforçou Joana Mortágua.

Quem impôs reversões à lei do aborto assim que pôde, quem utilizou a sua maioria absoluta para penalizar as mulheres que pretendiam aceder ao aborto, quem quis que fossem aconselhadas por profissionais objectores de consciência, quem impôs disciplina de voto à sua bancada contra o direito das mulheres quando uma maioria de esquerda quis retomar o direito ao aborto em pleno, essa pessoa tem um nome: Luís Montenegro“, atirou também a deputada do Bloco.

Joana Mortágua também pediu uma “manifestação histórica” no próximo dia 8 de Março, no Dia Internacional da Mulher, apelando também ao voto no BE quando diz estarem “em causa os direitos das mulheres”.

ZAP // Lusa

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5 Comments

  1. Talvez galvanizada pelas sondagens, a AD já começou a dar tiros nos pés (quanto a mim): primeiro, PP Coelho a ligar a imigração à (falsa) insegurança, agora este PN a manifestar-se contra o aborto e a eutanásia. Querem tirar votos ao Chega? Pode ser isso, mas vão perder outros (digo eu…).

  2. Isto é o maior absurdo dos últimos 50 anos!
    Estes sem vergonha já nem se preocupam em esconder ao que vêm.
    MULHERES, democratas deste país, por aqui se infere que votar à direita é virar a nossa vida e a democracia do avesso, e voltar aonde não quisemos ficar, onde não queremos voltar.
    Não há limites para eles, nem obstáculos que os impeçam e demovam, a menos que sejamos TODOS nós a criar essa barreira, forte, indestrutivel.
    Votemos todos, por todos nós e por todas as conquistas, que tanto nos doeram e tardaram.
    Votemos, com cabeça e coração.
    Não vamos permitir que outros decidam por nós, o que a nós compete, de pleno direito e obrigação.

  3. Não sei se ouviram, mas o “morto” falou.
    E falou para dizer que a ameaça declarada de voltarmos a ter mulheres a morrerem após práticas clandestinas de aborto, bem como o discurso xenófobo de Passos Coelho, “não têm importância, fazem parte da tática ganhadora da AD.” (o seu partido incluido), acrescentando ainda que “os portugueses verão como resulta”.
    Terá sido, portanto, qualquer coisa de somenos. Sei lá, algo parecido com partes carnavalescas de garotos,
    inocentes e aceitáveis em campanha.
    Estranhas táticas!
    Estranhos mentores!

  4. Não concordo com o aborto numa situação normal de união. É, simplesmente, um crime. Há uma vida que não se pode defender, e quem a tira é um MONSTRO.
    Se não querem ter bebés, não os façam. Usem preservativos…
    Eu estou grávida de novo, quase oito meses, de gémeos (não é a primeira gravidez), e nunca me passaria pela cabeça ver a vida deles terminar só porque eu e o meu marido fomos irresponsáveis (não fomos, é só uma ilustração).

    Quando é algo espontâneo, nada se pode fazer. Mas matar com deliberação, repito, num contexto em que há namoro ou amizade, não! Pensem nisso numa próxima vez em que estejam “distraídos”. Não se encobrem as irresponsabilidades com homicídios.

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