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Seca no Algarve: Água fica mais cara em março (para alguns sobe 50%)

Pedro França / Agência Senado

Duplamente injustiçados: o efeito devastador da seca no Algarve vai ditar a subida do preço da água entre 15% e 50%. A população considera que as medidas do Governo são injustas.

A partir de março, a água vai ficar mais cara, no Algarve.

As empresas e quem gasta menos veem a fatura aumentar 15%. Os mais gastadores arriscam-se a ter um aumento de 50%.

O presidente da Câmara de Olhão e da Comunidade Intermunicipal do Algarve, António Pina, disse, esta manhã, em declarações à Antena 1, que  “não há alternativa” e que a intenção destes aumentos é incentivar a poupança.

“A poupança é a palavra de ordem. Se não o fizermos, a água não chega até ao final do ano”, justificou.

À mesma rádio, o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos, Hélder Martins, está descontente e lamentou não ter sido chamado para debate – que afeta diretamente o negócio dos hotéis: “Se estamos a trabalhar todos para um fim, era bom que trabalhássemos em conjunto“.

“Qualquer aumento pesa nas contas das empresas. E um aumento deste montante [15%] com certeza que pesa muito. (…) Por que é que as Câmaras não apostaram antes em cortar naquilo que são as perdas que cada município tem?”, sugeriu o responsável pelos hoteleiros algarvios.

Algarvios duplamente injustiçados

Esta quarta-feira, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu as medidas adotadas pelo Governo são injustas.

Já não chegava a região ser severamente afetada pela seca que ainda é penalizada com o aumento do preço da água.

“O impacto da seca afeta a generalidade das culturas e das regiões, mas os efeitos foram mais severos no sul do país, especialmente no Algarve, com uma situação de crise”, apontou o secretário-geral da CAP, Luís Mira, à Lusa.

Associada a uma redução das produções está o aumento das importações e dos preços, devido a fatores como o custo acrescido de transporte. Ainda assim, como Portugal está inserido no mercado europeu, é “altamente improvável” falta ou escassez de bens agroalimentares.

A CAP lembrou que estão em causa muitos empregos e a viabilidade de várias empresas, sublinhando ser necessário um plano específico de apoio às empresas que vão ficar sem rendimento.

CAP reivindica

Além do apoio aos agricultores, que deve incluir medidas especiais e de emergência, como o ‘lay-off’ simplificado, a CAP reclama a reativação dos furos municipais e simplificação dos procedimentos para a abertura de novos furos.

Por outro lado, é necessário proceder à revisão dos caudais ecológicos e adotar medidas estruturais para a gestão e armazenamento dos recursos hídricos.

“É preciso investir na modernização das infraestruturas hidráulicas existentes, garantindo perdas mínimas de recursos hídricos, e é preciso investir em novos empreendimentos e canais de distribuição que, além do eficiente armazenamento de água, permitam levar água dos pontos em que existe abundância para aqueles onde é escassa”, notou.

Apesar de ressalvar estar consciente de que a concretização destes investimentos vai levar tempo e muito dinheiro, a CAP assegurou que essas escolhas têm de ser feitas hoje, uma vez que a situação de seca tenderá a agravar-se.

“Para muitos agricultores, já será, infelizmente, tarde demais”, concluiu.

ZAP // Lusa

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