O facto de ser mais pálido do que os seus pares não parece ter afetado a sobrevivência da cria, que é saudável e está a crescer.
Em Três Lagoas, no estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil, vive um individuo muito especial — o Alvin — o único tamanduá albino vivo conhecido no mundo e é tão fascinante quanto adorável.
Alvin foi encontrado numa quinta, agarrado às costas da mãe, em 2022. Trata-se de um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) — o maior membro da família dos tamanduás.
Segundo o IFL Science, Alvin é um verdadeiro albino, em vez de leucístico, com uma mutação genética que afeta a produção de melanina.
Quanto mais melanina se produz, mais escuros são o pelo, a pele e o cabelo. Esta falta de melanina, significa que o Alvin não tem a cor preta e cinzenta, característica dos seus pares, mas sim pelo de cor clara por todo o lado — até mesmo na sua magnífica cauda.
Devido a essa falta de coloração típica, os investigadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres estavam preocupados com a sobrevivência de Alvin.
A equipa instalou-lhe um dispositivo de localização por GPS para poder monitorizar a sua evolução e a sua adaptação às savanas do Cerrado brasileiro.
Curiosamente, este é o segundo animal com albinismo que foi encontrado na área. O primeiro foi encontrado, em agosto de 2021, por Débora Yogui, veterinária.
“Quando chegamos lá, ele já estava morto, mas conseguimos recolher amostras genéticas que foram enviadas ao laboratório para análise”, explicou Yogui.
“E agora, um ano depois, apareceu uma fêmea na mesma zona com uma pequena cria albina — Alvin — às costas. Desta vez, conseguimos colocar uma coleira de monitorização para realizar um estudo sem precedentes sobre esta característica rara nestes animais”.
A coloração escura típica do tamanduá-bandeira não só o ajuda a camuflar contra predadores como a onça-pintada, mas também o ajuda a ultrapassar o calor, filtrando os raios solares e mantendo a temperatura adequada.
“Existe uma teoria ecológica que diz que animais albinos que vivem na natureza tendem a ser menos adaptados à natureza, por isso optamos por realizar um estudo de monitorização que nos permitirá entender se são mais suscetíveis ao Sol, ao calor, aos predadores e entender mais sobre o comportamento e as necessidades destes indivíduos raros”, disse Nina Attias, bióloga e pesquisadora do ICAS.
No Brasil, os tamanduás-bandeira voltaram a cruzar a fronteira, graças a um projeto de rewilding na Argentina.
Quase um ano depois, a equipa informou que o Alvin está bem. Num exame realizado em maio de 2023, a equipa revelou que o animal pesava quase 14 kg e tinha 1,52 metros. E também recebeu uma segunda coleira GPS, para garantir que continua a servir e ajudar a monitorizá-lo à medida que cresce.
Importa referir que os tamanduás-bandeira adultos pesam até 45 kg e atingem comprimentos de 1,8 a 2,4 metros.