Após anos de ativismo das comunidades indígenas e dos ambientalistas, a remoção das barragens ao longo do rio Klamath, nos EUA, está a permitir que a água volte a correr livremente, marcando uma nova esperança para o icónico salmão da região.
Segundo o IFL Science, o rio Klamath percorre 414 quilómetros entre o Oregon e o noroeste da Califórnia, tendo sido, em tempos, o terceiro maior rio produtor de salmão da costa ocidental.
Nessa altura, mantinha uma população saudável de salmão Chinook, salmão coho e truta steelhead, que servia como fonte vital de nutrição para os Yurok, os Karuk e outros grupos tribais indígenas que vivem na bacia do rio.
No entanto, a construção das barragens hidroelétricas da PacifiCorp (empresa de energia elétrica no oeste dos Estados Unidos) ao longo do rio, entre 1911 e 1962, levou a um grande declínio das populações de peixes selvagens.
A barragem impediu efetivamente os fortes fluxos de água necessários para “expulsar” as algas tóxicas, os vermes e outros organismos que podem causar doenças nos peixes.
Atualmente, as barragens estão a chegar ao fim, tornando-se na altura ideal para as remover e tentar reavivar o ecossistema outrora próspero do rio.
As barragens causaram sérias “dores de cabeça” à tribo Yurok, que dependeu dos rios durante décadas. O salmão do rio Klamath não era só uma fonte de alimento fundamental para a comunidade, mas também desempenhava um papel significativo na sua cultura e identidade.
Após uma mortalidade especialmente grave de salmão Chinook em 2002, grupos indígenas e ambientalistas intensificaram os seus esforços para pressionar a remoção das barragens.
Contra todas as probabilidades, o seu esforço valeu a pena. Em 2022, a Comissão Federal Reguladora de Energia anunciou oficialmente que iria desmantelar e remover as barragens do Projeto Hidroelétrico do Baixo Klamath.
“Enche-me o coração saber que o salmão migrará por esta parte do rio no seu caminho para desovar na bacia superior”, disse Frankie Myers, vice-presidente da Yurok.
“Durante o último século, vimos as barragens sufocarem a vida do rio e isso teve um impacto negativo em todos os membros da nossa tribo”, acrescentou Myers.
O projeto de remoção da barragem está agora a chegar a uma fase crucial.
De acordo com o San Francisco Chronicle, a água atrás de três das barragens foi libertada na semana passada, permitindo que a água corresse livremente pelo rio Klamath pela primeira vez num século.
“Não quero ser demasiado lamechas, mas o facto de podermos ver o caudal do rio pela primeira vez em mais de 100 anos é extremamente importante para nós. É aquilo por que temos lutado: ver o rio por si próprio“, disse Myers.
No entanto, o salmão do rio vai agora enfrentar um novo desafio: as alterações climáticas.
Nos últimos anos, registaram-se secas recorde e uma intensa atividade de incêndios florestais nesta zona da América do Norte, o que poderá dificultar a recuperação das populações de peixes selvagens.
Embora a remoção da barragem possa aumentar o seu número, o salmão do rio Klamath ainda não está fora de perigo.