Diz ter sido abordado “de forma agressiva” pelo segurança pessoal do líder do Chega e que dois jovens o agarraram pelos membros e forçaram a sua saída do evento. Organização nega e diz que apenas “foi removido” da sala. Católica e Sindicato dos Jornalistas repudiam “crime público”.
Um jornalista do semanário Expresso afirmou esta terça-feira ter sido agredido num evento com o líder do Chega na Universidade Católica, em Lisboa, mas a organização nega, admitindo apenas que o profissional “foi removido” da sala.
À Lusa, o diretor do Expresso, João Vieira Pereira, disse que o jornal está a ponderar apresentar queixas à PSP e à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
A alegada agressão terá ocorrido num evento organizado pela Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e pela Associação Académica de Direito, da Universidade Católica Portuguesa, intitulado “Conversas Parlamentares”, no qual participou o presidente do Chega, André Ventura, no âmbito de um ciclo de palestras para o qual foram convidados vários líderes partidários.
Na segunda-feira, a assessoria do Chega informou a comunicação social de que o líder do partido falaria à imprensa à chegada à Católica e que, segundo indicações da Universidade, não seriam permitidas câmaras dentro do auditório, sem contudo fazer referências à presença de jornalistas.
Segundo notícia divulgada pelo Expresso, o jornalista que afirma ter sido agredido alega que a sua entrada na sala onde estava André Ventura “foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório, e era do conhecimento prévio da assessoria de imprensa do Chega”.
O jornalista diz ainda que conseguiu presenciar os primeiros dez minutos da intervenção de André Ventura, até ter sido abordado várias vezes por jovens dizendo-lhe que não podia estar no auditório.
De acordo com o relato publicado pelo Expresso, “dois dos jovens prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento — deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional”, que foi devolvido “após intervenção de um dos assessores de André Ventura”. Segundo notícia publicada no semanário, o jornalista diz ainda ter sido abordado “de forma agressiva” pelo segurança pessoal de André Ventura.
“Entrou à socapa. Foi removido da sala”
Contactado pela Lusa, João Dias, presidente da Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos, um dos responsáveis pelo evento, negou a existência de qualquer agressão e disse que o jornalista apenas “foi removido” do auditório depois de ter sido abordado “cinco vezes” por membros da organização para que se saísse da sala.
“O jornalista decidiu entrar à socapa dizendo que era jornalista e tinha autorização do partido — mentira”, afirmou João Dias. “Pedimos que se retirasse cinco vezes, na quinta vez [o jornalista] foi rude com o staff, começou a gritar para o doutor André Ventura que estava no palco a responder a perguntas dos moderadores e a equipa de staff foi autorizada a removê-lo”, descreveu.
Entretanto, numa carta dirigida ao diretor do Expresso e assinada pelas duas associações, os responsáveis pedem “as mais sentidas desculpas ao jornalista e ao jornal Expresso pelo sucedido”.
“É da nossa responsabilidade, enquanto Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, repudiar qualquer agressão ou uso excessivo de força no decorrer do evento Conversas Parlamentares, que teve lugar esta terça-feira, dia 16 de janeiro”, lê-se na carta.
Católica e Sindicato repudiam “crime público”
A direção do Expresso já repudiou “qualquer forma de coação e constrangimento ao trabalho jornalístico”, afirmando que “tomará as devidas ações, de forma a apurar responsabilidades e impedir que atos deste tipo voltem a acontecer”, manifestando “inequívoco apoio ao seu jornalista, que foi impedido de realizar o seu trabalho livremente”.
Em comunicado divulgado na terça-feira à noite, a Universidade Católica Portuguesa (UCP) também repudiou qualquer tentativa de limitação do direito à informação e intimidação de jornalistas e rejeita a “manipulação deliberada das normas de acesso ao evento pelo partido convidado (Chega)”, explicando que o evento é organizado por estudantes com o objetivo de esclarecer as propostas para o país sob a forma de um debate livre e não uma organização dos partidos”.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) já condenou a agressão, afirmando tratar-se de um crime público, “cometido à vista de muita gente, que tem de ser investigado e punido exemplarmente”.
O SJ repudiou o “atentado contra a liberdade de imprensa e contra a integridade física” de um jornalista em funções, lembrando que a agressão a estes profissionais é crime público desde 2018.
No comunicado, o Sindicato dos Jornalistas exorta ainda as autoridades a agirem “com a celeridade que um atentado destes exige”, pede uma punição exemplar para os agressores, acrescentando que vai questionar a Universidade Católica Portuguesa sobre as medidas que tomou para evitar este tipo de comportamento dentro das suas instalações.
O sindicato diz igualmente que vai perguntar a André Ventura se o partido que lidera se revê nestas atitudes e nas “insinuações intimidatórias do segurança do partido”.
ZAP // Lusa
Mais uma nódoa ! ….. É isto que certos saudosistas querem , uma Ditadura pura e dura , censura de imprensa , repressão fascistóide , privatização de todos os Setores da Sociedade e por fim talvez reabilitar o Tarrafal e Caxias para os opositores Políticos ! …..Parabéns a Reitoria da Universidade “dita Católica” , de permitir tais comportamentos dos seus meninos mimados , sem consequências nem advertimentos !
Atento,
“Sem consequências”,
de modo algum. sob pena de serem ultrapassados os mais elementares direitos, salvaguardados pelos regulamentos jurídicos do país.
Se é essa a educação que recebem dos papás, alguém terá que deixar Expresso e evidente que ambos estão ERRADOS. Igualmente para os “convidados”.
NÃO PASSARÃO!
Só o facto de entrar sem autorização, e depois de pedidas 5x para sair se recusar a sair…
Vivemos onde? Numa anarquia?
De vez em quando distraem-se e mostram o que são. Só espero que o povo não seja tão distraído!
Que barraca, uma saída do armário fascista logo agora em vésperas de eleições.
E o chega que, tirando os habituais berreiros no parlamento, se andava a portar tão bem.
Esperemos enfim, que os caceteiros da opus dei não fiquem impunes.
A História tem muitas histórias destas, sempre que os extremistas se aproximam do poder, disfarçados de cordeirinhos bem intencionados. No poder, começam passo a passo a criar o ambiente para a eliminação da liberdade de expressão. O primeiro passo é utilizar grupos que praticam a violência sobre pessoas incómodas para eles. Depois, quando o medo está instalado, vêm as “novas” leis para regulamentar a “necessidade” da ditadura. No século XX foi assim com Stalin, Hitler, Mao Tse Tung, Pinochet etc. Foi há pouco tempo, não há razão para alegarmos “esquecimento”.