O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou esta segunda-feira que os palestinianos “vão governar” a Faixa de Gaza após a guerra, quando o movimento islamita palestiniano Hamas “nunca mais ameaçar” Israel.
“Os palestinianos vivem” na Faixa de Gaza, […] em consequência, os palestinianos vão governá-la no futuro. O futuro governo de Gaza deve ser proveniente da Faixa de Gaza e baseado nas forças que não ameaçam o Estado de Israel”, prosseguiu Yoav Gallant.
As afirmações do ministro contrariam declarações prévias do Governo, em particular os ministros ultranacionalistas Itamar Ben-Gvir, responsável pela Segurança nacional, e o responsável das Finanças, Bezalel Smotrichm, que chegaram a sugerir a expulsão de toda da população palestiniana do enclave.
Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, defende que a Autoridade Palestiniana “deve ser tratada da mesma forma” que o Hamas, pois o conceito de Palestina falha em Gaza como também na Judeia e Samaria (nome bíblico para a Cisjordânia usado pelas autoridades israelitas para se referirem ao território].
“Temos de confrontar o Hamas e a AP, que tem uma visão semelhante à do Hamas e cujos dirigentes simpatizam com o massacre perpetrado pelo Hamas [nos ataques de 7 de outubro], da mesma forma que o fazemos em Gaza”, afirmou.
Bezalel Smotrichm, também ligado à extrema-direita, disse que Israel deveria “desmoronar o sistema estatal” em Gaza.
Outro membro do Governo de Netanyahu, a ministra da Informação Gila Gamliel, foi ainda mais longe e roçou a ideia do desaparecimento dos palestinianos da região, ao afirmar que a comunidade internacional devia “promover o realojamento voluntário” de palestinianos fora da Faixa de Gaza, noutros países.
“Em vez de enviar dinheiro para reconstruir Gaza ou para a fracassada UNRWA [a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos], a comunidade internacional podia ajudar a financiar o realojamento e ajudar os habitantes de Gaza a construir as suas novas vidas nos seus novos países de acolhimento”, afirmou Gamliel em artigo publicado no jornal Jerusalem Post.
O próprio primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já assegurou antes que Israel continuará a controlar Gaza após o fim do conflito com o Hamas, garantindo, por outro lado, que não permitirá que forças internacionais participem num eventual acordo, sublinhando no entanto que não tem intenção de reocupar o território.
Apesar de aparente oposição a este cenário pelos Estados Unidos, o primeiro-ministro israelita, noutra declaração, disse querer “outra coisa” em vez da Autoridade Palestiniana (AP), presidida por Mahmoud Abbas, a governar a Faixa de Gaza, após a guerra que está a travar para “erradicar” o grupo islamita Hamas.
Embora se perfile uma trégua humanitária condicionada às exigências das várias partes, o conflito desencadeado a 7 de outubro prossegue sem fim à vista.
A 20 de novembro, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, rejeitou que Gaza se torne “protetorado da ONU” depois da guerra, defendendo em alternativa uma “transição” envolvendo múltiplos atores, nomeadamente os Estados Unidos e os países árabes.
“Não creio que um protetorado da ONU em Gaza seja uma solução. Penso que precisamos de uma abordagem multilateral, onde diferentes países, diferentes entidades, irão cooperar”, disse Guterres.
ZAP // Lusa
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