Ex-ministro ataca peça da RTP: “Não podem dizer isso assim”

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Em causa os números da mortalidade ao longo da última semana. António Correia de Campos deixou avisos à estação pública.

Os números da mortalidade em Portugal atingiram picos ao longo dos últimos dias.

Os dados oficiais da Vigilância da Mortalidade mostram que, na quinta-feira, morreram 485 pessoas. Foi o número mais alto do ano.

Ao longo da última semana houve 320 óbitos em excesso, numa média de 400 mortes por dia.

É um valor “muito acima do esperado”, admite a Direcção-Geral da Saúde.

Desde o dia 24 de Dezembro morreram, todos os dias, mais pessoas do que na mesma semana em 2020 – primeiro ano da pandemia.

Ao frio e à gripe junta-se outro factor: a “fadiga vacinal”, explicou a directora-geral da Saúde, Rita Sá Machado. Os portugueses estão a fugir mais das vacinas após três anos de muita vacinação por causa da COVID-19.

“Completamente errado”

Este assunto foi partilhado em diversos meios de comunicação social, incluindo na RTP, onde António Correia de Campos disse que esta abordagem está errada.

Ninguém pode afirmar que a mortalidade está a aumentar em Portugal olhando apenas para um dia ou mesmo uma quinzena. Peço desculpa. Isso é um erro crasso, de palmatória. Uma televisão pública não pode cair nesses erros”, atirou o antigo ministro da Saúde.

Correia de Campos explicou que a mortalidade é analisada por anos e a mortalidade infantil, por vezes, é analisada em ciclos de três anos.

“Pode haver uma quinzena onde morram muito mais pessoas, como pode haver uma quinzena onde morram muito menos pessoas”, continuou, antes de ser interrompido pela jornalista Sandra Fernandes Pereira, que disse que este pico, comparado com os números da pandemia, tem dados preocupantes

Não são nada preocupantes. Não pense nisso assim, dessa forma”, reagiu o antigo ministo dos governos socialistas de António Guterres e José Sócrates.

É “muito natural” que a mortalidade em Portugal aumente neste ano porque “o país está a envelhecer“, analisou.

Mas, repetiu António Correia de Campos, “analisar olhando para um dia ou uma quinzena é um método impossível, completamente errado. Vocês titularam a notícia com ‘A mortalidade está a aumentar em Portugal’. Não podem dizer isso assim, dessa forma. Peço desculpa pela minha veemência mas têm que ser mais rigorosos”, criticou.

Por outro lado, deixou pontos positivos ao que tinha acabado de ouvir no Jornal 2: “Tenho que ser justo. A vossa reportagem tem partes muito positivas. O exemplo do senhor de Seia que sentiu uma dor peito, foi atendido no hospital na Guarda, onde entrou às 2h e saiu às 4h – isso é excelente, não haverá muitos países na Europa onde isto aconteça. Outra parte muito positiva é: a crise de pessoal nas urgências está a reduzir”.

O antigo ministro da Saúde comentou ainda que a gripe sazonal ainda pode não ter atingido o pico, mas há outros factores associados a tantas idas às urgências em Portugal: “A nossa população habituou-se muito às urgências, achamos que resolvemos tudo nas urgências. E muitas vezes vamos para as urgências sem necessidade. O fim das taxas moderadoras também aumentou o número de casos triviais nas urgências”.

Correia de Campos acredita que o contributo dos hospitais das Forças Armadas e os horários alargados nos centros de saúde vão aliviar o cenário nas urgências dos hospitais “mas não de forma muito decisiva”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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4 Comments

  1. Nada de novo, vindo do PS. Um ex-candidato à liderança também fez a mesma graça, ao ligar para a RTP para tirar satisfações relativamente a um cartoon. Os políticos e as políticas que promovem podem e devem ser bem escrutinadas, e não escamoteadas! A imprensa e a comunicação social são a primeira linha de escrutínio, desde que independentes. Caso não o sejam, simplesmente fazem fretes. E temos na nossa praça muitos casos desses, alguns deles à descarada.

  2. Vejamos: Hospital da Luz, CUF entre outros tantos serviços de Saúde em Portugal, abriram portas, inovaram com dinheiros do Estado, estado esse que somos todos Nós. Ninguém salvaguardou o interesse Nacional obrigando-os a prestar determinados serviços gratuitos em caso de necessidade, foi: peguem no dinheiro, invistam e depois logo se vê.
    Os governantes simplesmente abandonaram o investimento no sector publico. Por outro lado, o mundo tem gente a mais, Portugal tem velhos a mais, ao governo, (dá jeito) que morram…..afinal é dinheiro em caixa, menos reformas a sair dos cofres do estado. Simplesmente Lamentável a hipocrisia em que os políticos com a sua verdade absoluta vêm as coisas, acreditam que são visionários e iluminados, esquecem é que o labirinto que criaram pode muito bem ser a morte deles também.
    Ainda está para vir o governo que não vai em lóbis e convida gente altamente competente para servir nas várias frentes de desenvolvimento do pais Saúde, Educação, industria etc etc.
    A isto chama-se MERITOCRACIA Basta de gente que gosta de chafurdar em notas de euros.

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