Uma equipa de cientistas do European Space Observatory’s Large Diameter Centrifuge está a investigar se os lançamentos de foguetões podem enfraquecer as membranas das células sanguíneas dos astronautas, colocando-as em risco de rebentarem. Se for verdade, poderá ajudar a explicar porque é que tendem a sofrer de “anemia espacial”.
Estudos anteriores demonstraram que os corpos humanos destroem cerca de 54% mais glóbulos vermelhos quando viajam para o Espaço do que na Terra, um fenómeno que diminui a disponibilidade de transportadores de ferro na corrente sanguínea.
Aliás, suspeita-se de que é exatamente por isso que os astronautas sentem frequentemente fadiga, fraqueza ou tonturas quando regressam à gravidade normal.
Acontece que a grande maioria dos estudos foi feita em microgravidade e esta equipa de investigadores quis alterar o paradigma.
“Os astronautas podem passar por duas grandes mudanças corporais durante o voo espacial: para chegarem à microgravidade, primeiro passam por um breve mas intenso período de hipergravidade. Por isso, decidimos investigar os efeitos que esta fase inicial poderia ter em termos de risco de hemólise”, explicou Georgina Chávez, da Universidade Católica Boliviana San Pablo.
As suas experiências envolveram uma centrifugadora da Agência Espacial Europeia (ESA) de 8 metros de largura, localizada nos Países Baixos, capaz de simular uma hipergravidade até 20 vezes superior à gravidade da Terra.
Para simular um voo espacial, ou a sensação que este produz num corpo humano, Chávez e a sua equipa colocaram glóbulos vermelhos humanos banhados em soluções hipotónicas na centrifugadora e colocaram-na a três velocidades distintas: uma que simula a gravidade normal da Terra e 7,5 e 15 vezes superiores à do nosso planeta.
Cada teste teve uma duração de 10, 30 ou 60 minutos e todas as células sanguíneas foram depois analisadas para que os investigadores conseguissem tirar conclusões do seu comportamento.
Segundo o Science Alert, a investigação ainda está em curso, pelo que ainda não sabemos o que acontece às células sanguíneas depois de uma viagem na centrifugadora. Contudo, há razões para suspeitar de alterações.
Investigações anteriores levadas a cabo em ratos descobriram que os glóbulos brancos podem ser destruídos em condições de hipergravidade, um ambiente que também provoca sinais de enfraquecimento das células que formam uma barreira entre a corrente sanguínea e o cérebro dos animais.
A própria superfície interna dos vasos sanguíneos, que ajuda a controlar a sobrevivência, a proliferação, a morte e a migração das células, mostra sinais de stress devido à hipergravidade.
A verdade é que os cientistas ainda sabem muito pouco sobre o impacto das alterações da gravidade no corpo humano, mas a equipa de Chávez está prestes a mudar isso.