Finalmente no Guinness: o Paratethys é o maior lago que a Terra alguma vez viu

Dan Palcu / Natural Earth

Mapa do Lago Paratethys

O Livro dos Recordes do Guinness reconheceu oficialmente o antigo Paratethys, uma massa de água que tinha o tamanho da Europa, como o “maior lago de sempre”.

Há há cerca de 11 milhões de anos, uma enorme massa de 1,77 milhões de km3 de água cobria uma área com cerca de 2,8 milhões de km2 — uma extensão equivalente ao tamanho de toda a Europa.

As dimensões deste antigo lago, de nome Paratethys, foram precisadas num estudo do geólogo Dan Valentin Palcu, investigador da Universidade de Utrecht, e apresentadas num artigo publicado em 2021 na Scientific Reports.

Agora, com base no estudo de Dan Palcu, o Livro dos Recordes do Guinness reconheceu oficialmente o  Paratethys como “o maior lago que a Terra já viu“.

Estendendo-se pela Europa, dos Alpes até à Ásia Central, num território que atualmente vai desde a Áustria ao Turquemenistão, o Paratethys deixou a sua marca em formações geológicas, como as falésias com vista para o Mar Negro na Bulgária.

Em comparação com o Mar Mediterrâneo, este era ligeiramente maior em termos de área, mas em volume apenas cerca de um terço — pelo que o Paratethys era um mar relativamente pouco profundo, apesar de conter dez vezes mais água do que o somatório de todos os lagos atuais.

O Paratethys formou-se há cerca de 34 milhões de anos, perto do fim da época eocena, tendo estado ligada ao alto mar até há cerca de 12 milhões de anos — altura em que a colisão das placas tectónicas africanas e europeias fechou o Mediterrâneo e transformou Paratethys num lago autónomo.

Segundo o estudo de Palcu, durante os 5 milhões de anos em que existiu, o lago sofreu quatro grandes regressões, durante as quais os níveis de água recuaram, afetando a vegetação e a fauna em toda a Europa.

Palcu et al., Scientific Reports

Mapa do Lago Paratethys

O período de seca mais prolongado ocorreu de 7,65 a 7,9 milhões de anos atrás. O lago perdeu então mais de um terço da sua água e dois terços da sua área superficial, resultando numa queda dramática de 250 metros nos níveis de água.

À medida que o lago diminuía, a água restante formou um lago salgado central e bacias periféricas, enquanto vastas áreas de terra emergiram, dando origem a paisagens de floresta-estepe.

Estas transformações tiveram impacto significativo no clima, nas cadeias alimentares e as paisagens em toda a Eurásia. No entanto, as causas e mecanismos exatos por trás destas mudanças paleoambientais permanecem temas para investigação futura.

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