Investigadores de Hong Kong afirmaram ser os primeiros no mundo a permitir a um paciente com cancro do fígado avançado prolongar anos de vida, graças a um tratamento que reduz o tumor até um estado adequado para transplante.
A Faculdade de Medicina Li Ka Shing, da Universidade de Hong Kong, anunciou, esta quarta-feira, que especialistas conseguiram curar um doente de 65 anos com cancro do fígado em fase 4, utilizando um tratamento para “reduzir e remover” que desenvolveram, noticiou o South China Morning Post.
“Atualmente, não existe nenhum outro método eficaz para reduzir o cancro em fase 4 de uma pessoa, este seria o primeiro”, declarou Albert Chan Chi-yan, um dos líderes da investigação publicada em outubro na Liver Cancer.
Albert Chan disse estar “honrado por oferecer novas esperanças e possibilidades de tratamento deste tipo de cancro”.
Em novembro passado, foram dados seis meses de vida a Wong Lok-wing devido a um tumor de 18,2 centímetros de diâmetro que se espalhou pela veia porta, que drena o sangue do intestino, do pâncreas, do baço e da vesícula biliar para o fígado.
Para reverter o tumor para estádio 1, os investigadores utilizaram uma combinação de radioterapia corporal estereotáxica – tratamento específico do tumor – e imunoterapia.
O paciente recebeu uma parte do fígado doada pelo filho durante uma intervenção cirúrgica de 12 horas, em agosto passado, e, desde então, tem-se mantido bem de saúde.
Os especialistas asseguraram que, dos doentes com cancro do fígado, menos de um terço estava apto para se submeter a uma cirurgia ou a um transplante de fígado, as únicas opções disponíveis. Os outros tinham cerca de 30% de hipóteses de sobreviver mais cinco anos, indicaram.
Cerca de 100 pacientes parecem ter concordado com o tratamento, com 40% a apresentarem necrose (morte das células de um tecido) completa das células tumorais após o tratamento, enquanto mais de 10% estavam aptos para outros procedimentos, como o transplante hepático.
A equipa está a trabalhar na simplificação do tratamento e pediu subsídios governamentais para os medicamentos usados para encorajar mais doentes a experimentar.
Para Albert Chan, esta terapia é especialmente útil para os doentes idosos e para os que não podem ser submetidos a operações de alto risco.
Em 2022, 1.412 pessoas morreram de cancro do fígado em Hong Kong, que conta 7,4 milhões de habitantes.
ZAP // Lusa