Num estudo inédito, cientistas descobriram que os pinguins-de-barbicha da Antártida fazem mais de 10.000 micro-sestas diariamente, num total 11 horas, enquanto vigiam atentamente os seus ninhos.
O padrão de sono dos pinguins-de-barbicha é caracterizado por breves sestas de apenas alguns segundos, revela um novo estudo, publicado esta quinta-feira na revista Science.
Este hábito único é essencial para estes pinguins — que, enquanto incubam os seus ovos, precisam de permanecer alerta para proteger a sua prole de predadores como as gaivotas-polares.
Os resultados do estudo, conduzido na Ilha do Rei George, sugerem que estes pinguins nunca entram em sono profundo, ao contrário dos padrões de sono comuns nos humanos.
O estudo, liderado por Paul-Antoine Libourel, investigador do Centro de Pesquisa em Neurociências de Lyon, envolveu a observação dos padrões de sono fragmentado dos pinguins, anteriormente interpretados como mera sonolência em pesquisas dos anos 1980.
Esta descoberta desafia as perceções tradicionais do sono e da sua necessidade, dizem os autores do estudo. “Foi realmente surpreendente perceber que eles estavam sempre a dormir desta forma”, explica Libourel à New Scientist. “É um estado permanente, estão sempre assim, a alternar entre acordados e a dormir.
Para entender os padrões de sono dos pinguins, os investigadores monitorizaram a sua atividade cerebral usando sensores durante 11 dias.
Os dados revelaram que os pinguins dormiam ao todo cerca de 11 horas por dia divididos nestas breves sonecas. Este padrão de sono é distribuído uniformemente ao longo do período de 24 horas, indicando que os pinguins estão constantemente a oscilar entre a vigília e o sono.
Os autores do estudo realçam a notável capacidade de adaptação dos pinguins-de-barbicha. Durante a época de nidificação, os machos são responsáveis por incubar os ovos, enquanto as suas parceiras fazem viagens prolongadas de busca por alimento.
Segundo os autores do estudo, a necessidade de vigilância constante para salvaguardar os seus ovos de predadores levou à sua evolução para um padrão de sono altamente fragmentado.
Este padrão permite que os pinguins permaneçam permanentemente em alerta, equilibrando a necessidade de descanso com a de proteger a sua futura prole.
O estudo contribui também para a compreensão mais ampla dos padrões de sono em animais, desafiando noções convencionais e mostrando que algumas espécies se adaptaram para satisfazer suas necessidades de descanso de formas não convencionais.