As estrelas serpentiformes conseguiram associar o escurecimento das luzes à chegada de comida, numa experiência que testou a resposta de Pavlov.
Um novo estudo publicado na Behavioral Ecology and Sociobiology revela uma capacidade notável nas estrelas serpentiformes, criaturas marinhas que não possuem cabeça ou cérebro, para aprender e adaptar-se ao seu ambiente.
O conceito de condicionamento clássico, primeiro descoberto por Ivan Pavlov nas suas experiências com cães, tem sido um pilar na compreensão de como os animais formam associações entre estímulos.
A equipa de pesquisa procurou estender esse entendimento aos equinodermos, um grupo que inclui estrelas-do-mar, ouriços-do-mar e pepinos-do-mar, e particularmente às estrelas serpentiformes (Ophiocoma echinata).
Num estudo de 10 meses, 16 destes animais foram observados em tanques individuais. Metade passou por uma fase de treino, onde foram alimentadas com camarão, a sua iguaria favorita, em condições de luz reduzida.
A outra metade recebeu a mesma quantidade de camarão sem o escurecimento simultâneo das luzes. Notavelmente, as estrelas treinadas começaram a associar o escurecimento das luzes com a chegada de alimento, demonstrando o condicionamento clássico.
As estrelas não só aprenderam a associar a escuridão com a comida, mas também retiveram esse comportamento aprendido após uma pausa de 13 dias no treino. Essa retenção de comportamento aprendido é particularmente intrigante considerando que elas não possuem um sistema nervoso central como o dos humanos e muitos outros animais, explica o IFLScience.
Sem cabeça ou cérebro, as estrelas serpentiformes possuem um sistema nervoso único. Cordões nervosos percorrem cada braço, convergindo num anel próximo à boca, mas sem uma unidade central de processamento. Este sistema descentralizado funciona mais como um comité do que sob um único comando, levantando questões sobre os mecanismos das suas capacidades de aprendizagem.
Esta capacidade de antecipar e potencialmente evitar predadores ou localizar fontes de alimento indica um nível de inteligência anteriormente não reconhecido nessas criaturas.
Este estudo inovador não só acrescenta ao nosso conhecimento da vida marinha, mas também incita uma reavaliação dos princípios de aprendizagem e inteligência no reino animal.