A mais recente edição da revista semanal americana Newsweek traz uma reportagem de capa sobre sexismo e a escassa presença de mulheres na indústria de tecnologia do Silicon Valley. Mas a capa em si gerou polémica
Mas a ilustração da capa da edição – uma imagem provocante de uma mulher sem rosto e com um cursor de rato a levantar-lhe a saia – está a despertar um aceso debate nas redes sociais.
Para muitos, a capa, que ilustra a reportagem intitulada “O que Silicon Valley Pensa das Mulheres“, acabou por reforçar estereótipos e sexismo, em vez de lançar luz sobre o problema.
Entre os que condenaram a obra estão a escritora americana Goldie Taylor, que realça no seu Twitter que trabalhou em Silicon Valley. “O sexismo é real. A capa é horrível”, diz Taylor.
Para a pastora religiosa Wil Gafney, a capa é “desrespeitosa” e “recomenda em absoluto que não se leia a reportagem”.
Gafney deixa mesmo um peculiar desabafo: “WTF? Não há desculpas para esta capa sexista, independentemente do que o artigo disser”.
Alguns aproveitaram para salientar a perda de importância da Newsweek, que já foi uma das revistas com maior circulação nos Estados Unidos.
Mas, segundo dados do instituto Alliance for Audited Media, que mede a audiência e circulação da imprensa americana, citados pela BBC, actaualmente a Newsweek não consta sequer entre as 25 publicações de maior circulação.
Josh Barro, jornalista do New York Times e da MSNBC, pede mesmo “ao pessoal que deixe de bater na capa da revista”.
“A Newsweek já nem existe”, ironiza Barro.
Mas, mesmo entre as mulheres, a edição não teve unanimidade nas críticas negativas.
A especialista em media Margarita Noriega acredita que a ilustração representa uma mulher “que se torna um objecto, absolutamente fora do seu próprio controle”.
E Marjorie Clark, jornalista da 435Business, revista mensal de negócios, concorda com Noriega: “Só porque a capa é inflamatória, não significa que não seja real ou verdade. É uma representação fiel da história”.
Se a ideia da Newsweek era mesmo inflamar os ânimos e provocar a discussão sobre o sexismo, objectivo atingido. Se era chamar a atenção e reavivar uma revista que silenciosamente escorregava para a obsolescência… também.
ZAP / BBC