A economia portuguesa é “uma espécie de milagre económico” segundo o economista norte-americano Paul Krugman que venceu o Prémio Nobel em 2008. Mas como é que isso aconteceu? É “misterioso”…
Portugal seria um caso de estudo “se percebêssemos o que estão a fazer bem”, assume o economista Paul Krugman em entrevista ao Jornal de Negócios, salientando o crescimento económico que o país viveu nos últimos anos.
O também professor da Universidade de Princeton, nos EUA, diz que “Portugal é uma espécie de milagre económico”, considerando que deve imperar, nesta altura, um maior “optimismo” apesar de se temer nova recessão europeia do que aquando da “crise do euro“.
Durante a “crise da dívida, tendíamos a colocar Portugal e Espanha no mesmo cesto“, começa por notar Krugman. “Ambos tinham tido entradas maciças de capital, tinham ficado seriamente sobrevalorizados em termos de custos laborais, tinham níveis de dívida elevados e enfrentavam um período prolongado de austeridade“, acrescenta.
“Espanha acabou por alcançar a recuperação económica, mas fê-lo passando por anos e anos de desemprego elevado, desvalorização interna e queda dos custos” enquanto “Portugal teve uma recuperação sem isso”, nota o economista.
“Tive longas conversas com o meu amigo Olivier Blanchard, o antigo economista-chefe do FMI, e ele diz: ‘Não percebo como é que Portugal se saiu tão bem. Como é que eles fizeram isso?’”, conta ainda.
Krugman admite que o turismo “não é trivial” nesta análise e refere que “também as exportações fazem parte da história”. “Mas é um pouco misterioso como é que as coisas correram tão bem”, assume.
“Continuam a ser mais pobres do que muitos países, mas já não tão pobres…”
Em 2013, Krugman caracterizou Portugal como um país pobre e com problemas estruturais. Agora, na comparação, o economista refere que que os problemas são “muito menos”
“Continuam a ser mais pobres do que muitos países da Europa, mas já não tão pobres”, sublinha o Nobel da Economia, destacando “a transformação” que conseguiu perceber no nosso país entre 1976 e 2013.
“Trabalhei em Portugal, em 1976, e a transformação em termos de infraestruturas, nível de vida visível, níveis de educação, é enorme“, aponta Krugman, realçando que quando esteve cá pela primeira vez, “Portugal parecia mais um mercado emergente do que uma nação europeia, e isso hoje não é de todo verdade”, conclui.
“Ninguém sabe realmente porque é que alguns países se saem bem, mas Portugal fez claramente muito melhor nos últimos dez anos“, prossegue o Nobel da Economia.
“Não é a Dinamarca, não é a Suécia, continua a ser relativamente pobre, mas há muito mais razões para optimismo agora do que no meio da crise do euro”, considera.
O economista norte-americano também comenta as dificuldades no acesso à habitação, considerando que é “um problema feliz de se ter” porque significa que “as pessoas querem estar” em Portugal.
“Portugal está a parecer-se com São Francisco, com um sector tecnológico em expansão e com a habitação a tornar-se inacessível”, analisa, realçando, contudo, que a questão exige “alguma acção”.
“Riscos externos são grandes”
As declarações de Krugman sobre o nosso país surge no âmbito dos riscos associados às taxas de juro elevadas. O Nobel da Economia entende que “Portugal não está livre” do problema, mas que “pode ser algo que consiga ultrapassar” devido ao crescimento económico dos últimos anos
Mas se “Portugal tem estado muito bem, a Europa não” e isso constitui um problema para o nosso país devido à sua forte dependência da economia europeia, alerta o economista.
Assim, se houver “uma recessão europeia”, Portugal será inevitavelmente afectado porque “é demasiado pequeno e está demasiado ligado” à Zona Euro, com forte dependência, sobretudo, de países como Alemanha e Espanha, constata Krugman.
“A Zona Euro domina o vosso comércio” e “a vossa economia está agora bastante orientada para o exterior”, destaca.
Deste modo, “os riscos externos são grandes” para Portugal, alerta.
Austeridade baseou-se numa “falta premissa”
Krugman refere ainda na entrevista ao Negócios que “Portugal está a fazer em termos orçamentais o que os Estados Unidos deveriam estar a fazer” se não tivessem “um sistema político dominado por pessoas completamente loucas”.
Olhando para o passado recente, o economista também critica os “orçamentos de austeridade” da Troika pela “quantidade de dor que foi criada” e porque entende que foram feitos com base “numa falsa premissa”.
“A premissa era que os encargos da dívida eram simplesmente insustentáveis e que havia uma crise que exigia uma austeridade extrema”, mas “hoje sabemos que a crise era basicamente um pânico de mercado“, realça o Nobel da Economia.
“Era uma crise de liquidez causada por receios de incumprimento“, considera ainda.
“A maior parte da crise desapareceu quando Mario Draghi disse três palavras: “O que for preciso”. E, de repente, os ‘spreads’ vieram por aí abaixo”, continua, concluindo que foram adoptadas “medidas extremas baseadas numa apreensão errada do problema“.
o milagre foi termos António Costa como primeiro ministro neste 8 anos, o Paul sabe isso
O Milagre é que cada vez pagamos mais Impostos , pagamos mais caros os bens essenciais entre outros e os Ordenados pouco ou nada sobem, e mesmo assim ainda conseguimos pagar a tanto Politico ladrão, se não fosse os Governos PS e PSD hoje poderíamos ser um dos Melhores países da EUROPA com a fortuna que Produzimos e nos é retirada pelos sucessivos Governos .
Não é preciso ser académico para saber a Razão disso
Portugal não teve importação de capital de investimento de importancia mas a torneira dos pequenos investimentos em casas por parte de estrangeiros está a pingar e tem menos impacto (pressão) político que uma entrada de um data center
Grão a grão Portugal enche o papão. Um aumento significativo dos ordenados ia estragar isto, mas o perigo de um estado estagnado por haver pouca diferença entre ordenados mínimos e qualificados é iminente.
O que dizer do milagre da Irlanda…. Só espero que este milagre não esteja assente em palha muito volátil e que ao primeiro sopro de ventos gelados não fique o Povo Potuguês admirado com o milagre da incompetência dos nossos políticos.
Para nós, portugueses, o mais misterioso é ouvir alguém dizer que Portugal é um milagre económico..
Como é que o Estado está gordo e o Povo passa mal? É o que acontece atualmente, sem dinheiro nos bolsos, contas para pagar, impostos para liquidar, a Saúde e a Educação que não funcionam. Em 74 anos já vi disto mais vezes e não acaba aqui!…a política que devia ser liderança acaba em roubalheira viciante e os restantes ganham todos o mesmo…
Claro, pelo menos há para a sopa e assim não há grande contestação social. Governos de esquerda com técnicas de direita e o Povo democraticamente todo baralhado!
Põe pouco tabaco este. Será que ele analisou a dívida pública e em que lugar se encontra no ranking mundial?
Um povo pobre que aceita a miséria é o segredo. Os cidadãos no limiar da sobrevivência.
Esta conversa sobre o Estado estar gordo é dos liberais, e, como sempre, da sua impreparaçao na área da economia (é confrangedora a ignorância do Ricardo Arroja e do Camilo. Nunca leram nada). O número de funcionários públicos em Portugal está na média europeia.
O milagre a que se refere não é propriamente algo que nos devamos gabar… no fundo este senhor só diz que não percebe como não estamos pior…. extraordinário (que insulto, já agora) e inexplicável. Estamos na cauda mas…e o milagre chama-se Nossa Senhora….e economia paralela
O arruinar do SNS e Educação Pública para favorecer interesses privados, foi realmente um milagre que ninguem pensava ser possivel, mas São Costa conseguiu-o.