O dia 7 de Novembro mudou André Ventura

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Paulo Cunha / LUSA

O líder do partido Chega, André Ventura

Líder do Chega espera chegar ao Governo mais depressa do que pensava. O obstáculo maior é o PSD. E a campanha eleitoral pode reverter esta mudança.

No dia 7 de Novembro, quando António Costa anunciou a sua demissão, houve outro aspecto que mudou imediatamente no panorama político português: a postura de André Ventura.

Logo na primeira reacção, o líder do Chega disse: “Esta era a única saída para António Costa. Os portugueses devem ser chamados novamente às urnas, embora reconheça que este não é o melhor momento”.

“Estamos prontos para governar. Da nossa parte tudo faremos para ter governo em funções o mais rapidamente possível”.

Recusou “declarações políticas e propagandísticas” num momento que era do Presidente da República.

No dia seguinte, acrescentou que compreende que as eleições fossem marcadas para daqui a alguns meses por causa do Orçamento do Estado e por causa da reestruturação do PS. Compreende esses aspectos.

O volume baixou. O político agressivo transformou-se num mais contido, moderado. E o discurso, mais institucional do que nunca, destacou a importância do regime e o futuro do país.

O Chega quer fazer parte de um Governo em Portugal. Há anos que esse discurso é público. Agora surge uma “janela” mais rapidamente do que o próprio partido pensava: Março de 2024.

O maior entrave nessa intenção: o PSD. Luís Montenegro já disse – e repetiu – que nunca vai formar Governo com o Chega.

Por isso, a estratégia está bem delineada: uma postura mais moderada e aproximar-se do PSD, destaca o jornal Observador.

Se a ideia é chegar ao poder, a contenção é essencial para o Chega convencer mais eleitores, subir nas eleições e ter os deputados suficientes para formar coligação com o PSD.

Mas, para isso, será essencial deixar os ataques constantes de lado, as “atribuições colectivas de culpa” como disse Santos Silva, ou os momentos de “stand-up comedy” na Assembleia da República, citando o líder do grupo parlamentar do… PSD, Joaquim Miranda Sarmento.

Dirigentes do Chega acreditam que o seu líder vai ponderar melhor o que diz; mas já duvidam de que esta versão se prolongue para a campanha eleitoral.

Dentro do próprio Chega, há quem acredite que Montenegro se aproxime de Ventura e até aceite negociar com o Chega depois das eleições – mas só se André Ventura moderar o seu tom.

Por isso, devem ficar para trás frases como: “Às vezes penso que deveria liderar o Chega e o PSD ao mesmo tempo”.

Mesmo assim, entra outro factor contra Ventura: apelar ao voto no Chega é (também) retirar votos ao PSD. Aliás, André Ventura já disse que os portugueses “têm de escolher se querem o PSD a governar ou o Chega”.

E depois há Pedro Nuno Santos. Caso o ex-ministro seja eleito secretário-geral do PS, os ataques devem voltar, o tom vai voltar ao que era (e o foco chamado PSD passa para segundo plano).

ZAP //

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3 Comments

  1. André Ventura diz algumas verdades, mas o que ele pretende é dar nas vistas. Um verdadeiro populista…
    Agora, apresenta-se sensatinho, um lobo com pele de cordeiro.

  2. Talvez precisemos mesmo de um lobo, dada a bandalheira a que este país chegou. O futuro é incerto, mas não por causa do Chega. O maior culpado é o sr. Costa e o eu PS, que fizeram de Portugal parecer um segundo Brasil.

  3. Pois é, um indivíduo que ia ser padre! O que a Madre Igreja não perdeu…
    Este “artista” é mais um sem escrúpulos a servir-se do sistema para alcançar mais poder e dinheiro: é o assalto ao poder, na verdade.
    Já se esqueceram que ele chegou a receber dos Estado mais de dois mil euros para efetuar um mestrado ou doutoramento no Reino Unido? E agora cai em cima dos outros se eles obtém alguma vantagem do sistema…
    Um populista do pior entre todos os energúmenos que pululam na política portuguesa! E manhoso como é, irá longe certamente…

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