Os incêndios na ilha da Madeira mantêm-se hoje de manhã em curso e as situações mais complexas são nos municípios de Porto Moniz e Calheta.
Revelação nesta manhã da secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
“Sabemos que foi uma noite complicada, uma noite difícil. Os incêndios mantêm-se em curso. As situações mais complexas são em Porto Moniz e Calheta”, disse Patrícia Gaspar cerca das 07:30 em declarações à RTP no aeródromo de Figo Maduro, em Lisboa, para acompanhar a partida do contingente para a Madeira.
A zona florestal do concelho da Calheta, na Madeira, está a ser consumida pelas chamas enquanto os meios de socorro estão concentrados na zona habitacional, onde já há um desalojado e duas casas ardidas, revelou hoje o presidente da Câmara.
“Continuamos com muitos incêndios. A zona florestal, na parte mais alta do concelho, continua a ser consumida pelas chamas. A nossa prioridade tem de ser a zona habitacional, portanto a zona florestal está a ser consumida. A verdade é esta”, disse Carlos Teles à agência Lusa.
O autarca apontou que o fogo que lavra há vários dias em vários concelhos da Madeira consumiu duas casas na Ponta do Pargo, uma habitada e uma segunda devoluta.
“Uma senhora ficou na casa de uma vizinha. Já temos técnicos da Câmara e da Segurança Social a tratar do assunto”, apontou.
O autarca contou que as freguesias da Ponta do Pargo e a dos Prazeres tiveram uma noite “muito complicada”, mas que “agora a grande preocupação” está numa zona florestal do Pargo, na zona do Vazadouro porque existe o perigo do fogo passar para o Estreito da Calheta.
“Seria muito mau porque a freguesia do Estreito da Calheta ainda está a ser poupada, não tem incêndios”, disse.
Outras zonas de preocupação são a do Precipício e a dos Falcões (freguesia de Fajã da Ovelha) porque têm uma frente de fogo ativa e, durante a noite, o fogo reacendeu no sítio das Forneças na freguesia do Arco da Calheta, um local onde o incêndio já tinha entrado em fase de vigilância.
“Infelizmente o vento reacendeu o fogo e voltamos a ter mais esta preocupação, mobilizando mais duas equipas para lá”, disse o autarca.
Carlos Teles saudou a ajuda que está prometida do Continente e disse compreender que os meios tenham de ser “muito bem geridos porque todos precisam”.
“Há um meio aéreo que durante o dia vai voar, mas temos consciência de que outros concelhos também precisam. Temos o pessoal muito exausto. Já vamos no quarto dia de combate a incêndios e não tem sido fácil. A boa notícia é a ajuda de corporações do Continente. A ajuda é muito bem-vinda. A zona florestal continua a ser uma zona de muita preocupação”, concluiu.
A Câmara da Calheta montou uma base no pavilhão gimnodesportivo dos Prazeres com comida, águas e colchões.
A secretária de Estado lembrou que em articulação com as autoridades da Madeira, foi decidido acionar um contingente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil [ANEPC], da Força Especial de Proteção Civil e do Instituto Nacional de Emergência Médica [INEM] para a Madeira.
Patrícia Gaspar adiantou que os 64 operacionais que partem hoje de manhã para a ilha da Madeira num avião da Força Aérea têm como principal missão apoiar as autoridades locais no combate aos incêndios.
“É uma força especializada com capacidade sobretudo com intervenção com ferramentas manuais, para trabalho no terreno. Sabemos que os incêndios estão a ocorrer em zonas de acesso difícil, em zonas de orografia muito acentuada, que requerem um trabalho mais especializado e esta é uma das competências principais desta força”, realçou.
Patrícia Gaspar disse ainda “estar disponível para manter a missão na Madeira durante o tempo que for necessário e se até reforçar com operacionais de outras forças, outras entidades.
A Força, chefiada pelo Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Coimbra, Carlos Tavares, integra 64 Operacionais, dos quais 54 Bombeiros da Força Especial de Proteção Civil, seis elementos da estrutura de Comando da ANEPC e quatro elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica.
Um fogo deflagrou inicialmente na quarta-feira, cerca das 18:00, na freguesia dos Prazeres, concelho da Calheta, na zona oeste da ilha da Madeira, tendo alastrado durante a noite à freguesia contígua da Fajã da Ovelha e, posteriormente, às freguesias da Ponta do Pargo e das Achadas da Cruz, esta já no concelho do Porto Moniz, onde lavrava com mais intensidade.
Durante a tarde de quinta-feira deflagrou outro incêndio no concelho de Câmara de Lobos, contíguo ao Funchal a oeste, numa área florestal, no sítio da Vera Cruz, freguesia da Quinta Grande, que permanece ativo.
Os autarcas locais não têm dúvidas: foi fogo posto.
Num ponto de situação realizado cerca das 20:00, o secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, indicou que oito pessoas receberam assistência médica devido aos incêndios que lavram na Madeira, em três concelhos, entre as quais um bebé por inalação de fumo.
O combate às chamas nos três municípios envolvia na quinta-feira um total de 127 operacionais, com o apoio de 42 viaturas e do helicóptero, que opera apenas durante o dia.
O Governo da Madeira declarou na quinta-feira a situação de contingência devido aos incêndios que lavram na região, ativando, assim, o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil, anunciou o Serviço Regional de Proteção Civil.
As câmaras da Calheta e do Porto Moniz ativaram os respetivos planos municipais de emergência e proteção civil.
ZAP // Lusa