Pedro Nuno afasta-se da liderança do PS e critica o Governo em três tópicos

António Cotrim / Lusa

Pedro Nuno Santos

Antigo ministro estreou-se como comentador na SIC Notícias: “O povo português, apesar de tudo, confia no Partido Socialista”.

Pedro Nuno Santos está de volta ao panorama político nacional, agora com mais frequência.

O antigo ministro das Infraestruturas estreou-se na noite passada como comentador na SIC Notícias: está dedicado a “intervir politicamente de todas as formas” mas assegurou que não é candidato, nem à liderança do Partido Socialista (PS), nem às próximas eleições europeias.

A liderança do PS não está nos seus planos, “neste momento”, enquanto não tem “qualquer vontade, ambição e gosto” pelas eleições europeias, marcadas para Junho de 2024.

A sondagem mais recente que a própria SIC apresentou dá vitória ao PS: “Os portugueses fazem uma avaliação negativa do Governo, mas a verdade é que dão a vitória ao Partido Socialista. O povo português, apesar de tudo, confia no Partido Socialista”, comentou Pedro Nuno.

Sobre o PSD: “Está num encruzilhada e com grande dificuldade de afirmação do projecto. Não é um problema na liderança. É um problema mais fundo”.

O novo aeroporto, assunto “quente” quer agora, quer quando era ministro das Infraestruturas, justificou críticas ao PSD – que se queixa da coordenadora da comissão técnica, Rosário Partidário, que o próprio PSD apoiou.

Pedro Nuno Santos acha que os sociais-democratas têm um de dois objectivos: tentar condicionar Rosário Partidário ou “preparar o terreno para ter argumentos para não aparecer na fotografia ao lado do primeiro-ministro no anúncio do novo aeroporto em véspera de eleições europeias.

Desacordos com Governo

Ainda na aviação, surgiu obviamente na conversa a privatização da TAP. E aqui começaram os “três tiros ao Governo”, como descreve o jornal Público.

Pedro Nuno mantém a sua opinião há oito anos: “Defendo a abertura do capital da TAP a um grupo de aviação, não a fundos nem a instituições financeiras, mas que o Estado mantenha a maioria do capital” – ou seja, é contra a privatização da maioria da empresa, já anunciada por António Costa.

O ex-ministro admitiu que a TAP foi o assunto mais difícil com o qual lidou quando esteve no Governo.

A segunda crítica foi dirigida à habitação. Pedro Nuno Santos era ministro das Infraestruturas e da Habitação, e acha que o Governo está a agir bem na ajuda aos créditos à habitação.

Mas afirmou: “Podíamos ter ido mais longe”. E recordou que, há pouco mais de 10 anos, os portugueses “foram chamados a injectar milhares de milhões de euros quando a banca precisou”. Agora, seria altura de criar um imposto sobre os lucros dos bancos portugueses que “advêm exclusivamente de aumentos administrativos do Banco Central Europeu. Era justo que se utilizasse essa margem para travar as prestações das famílias”.

O terceiro ponto de desacordo com o Governo é a iminente descida no IRS: “Favorece os de cima. O meu apelo é que as reduções do IRS sejam feitas com cautela. Temos de ter consciência de quem paga IRS e quem beneficia”.