Inteligência de Israel falhou e foi apanhada de surpresa pelo ataque do Hamas

1

Mohammed Saber / EPA

Bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza após o ataque do Hamas

A operação do Hamas foi uma surpresa total para Israel, devido à má interpretação de dados de inteligência e à descoordenação entre departamentos militares e governamentais, considera um analista militar.

As agências de intelligence israelitas interpretam mal dados sobre o ataque que o Hamas estava a preparar e foram totalmente apanhadas de surpresa pela operação mais ambiciosa que o Hamas alguma vez lançou a partir de Gaza.

O ataque deste sábado, o mais sério que Israel enfrentou em mais de uma geração, aconteceu um dia após o 50º aniversário do ataque surpresa do Egito e da Síria, em 1973, que deu início à Guerra do Yom Kippur — conflito que viria a terminar 20 dias mais tarde, com uma vitória clara de Israel.

O significado da data escolhida para lançar a operação “Tempestade Al-Aqsa”, diz a BBC, não terá escapado aos líderes do Hamas.

Numa ação com uma magnitude sem precedentes, as forças do Hamas alvejaram posições inimigas, aeroportos e posições militares com 5.000 rockets e ultrapassaram o muro que separa Israel da Faixa de Gaza, realizando ataques terrestres em sete localidades do sul do país.

Poucas horas depois, Israel respondeu com bombardeamentos aéreos em Gaza, e os seus generais estarão agora a planear uma operação terrestre em larga escala. “As Forças de Defesa de Israel vão defender os civis e a organização terrorista Hamas pagará um preço alto pelas suas ações”, adiantou o Exército em comunicado.

Mas ninguém na hierarquia militar israelita estava à espera que o grupo islâmico palestiniano pudesse planear meticulosamente e realizar uma operação tão complexa e coordenada a partir de Gaza — o que está a ser visto como um falhanço da sua extensa rede de informadores, agentes e sistemas de vigilância de alta tecnologia.

A própria Mossad, uma das mais temíveis e conceituadas agências de inteligência do Mundo, está a ser colocada em causa pelos israelitas, que estavam calmamente a relaxar ou rezar durante o fim de semana de um feriado religioso quando ouviram soar as sirenes e se viram forçados a refugiar-se em abrigos.

“A rapidez do ataque do Hamas e informações sobre a primeira fase dos combates indicam que os serviços secretos israelitas não alertaram a liderança política e militar do país sobre os combates em preparação pelos palestinianos”, disse à Sputnik o analista militar russo Igor Korotchenko.

De acordo com Korotchenko, nos dias anteriores ao ataque a Israel, o Hamas realizou diversas “atividades de desinformação bem-sucedidas“.

Além disso, diz o analista, a Mossad e a AMAN, agência de inteligência militar central das Forças de Defesa de Israel, até receberam informação prévia dos preparativos, mas essa informação foi mal interpretada — e em ambas as agências terão ocorrido “falhas na hierarquia de comando e obtenção de informações”.

A surpresa e sucesso inicial dos ataques do grupo palestiniano foi também causada por uma descoordenação entre vários departamentos militares e governamentais de Israel, acrescenta Korotchenko.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou este sábado que o país está em guerra e que os inimigos de Israel vão pagar um preço alto. “Estamos em guerra. Vamos ganhar. O inimigo vai pagar o preço”, afirmou.

Resta saber, depois da provável vitória militar sobre o Hamas, quem vai pagar o preço político do desnorte inicial das forças militares e agências de inteligência israelitas — se Netanyahu, se os seus generais.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. «…Você é da Inglaterra, aceitaria dar Manchester para outras pessoas? E se você é Americano, pergunto da mesma forma, você aceita dar a Califórnia para outras pessoas? Ou aceitaria o status quo de ocupação de Manchester por outras pessoas, pelos Chineses, por exemplo? E depois de chegar a acordo, expulsar a população de Manchester das suas casas, privando-a dos seus bens, de tudo? Esta é a questão da Palestina….» – Gamal Abdel Nasser

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.