A filha do ator e humorista Robin Williams não quer que a Inteligênicia Artificial (IA) continue a ser utilizada para imitar a voz do seu pai.
Segundo o Futurism, numa história do Instragam, Zelda Williams disse estar solidária com os protestos do Screen Actors Guild (SAG) contra o aumento da utilização da IA em Hollywood.
Esta solidariedade prende-se, sobretudo, com a forma como a IA tem sido utilizada para recriar a voz inimitável do seu pai, Robin Williams.
“Eu não sou uma voz imparcial na luta do SAG contra a IA”, escreveu Zelda. “Eu testemunhei durante anos quantas pessoas querem treinar estes modelos para criar / recriar atores que não podem consentir, como o meu pai”.
“Já ouvi a IA ser utilizada para fazer com que a sua ‘voz’ diga o que as pessoas querem e, embora o considere pessoalmente perturbador, as ramificações vão muito para além dos meus sentimentos”, escreveu Zelda.
Desde julho que o SAG tem estado em greve, à medida que os realizadores e produtores avançam com tentativas de substituir atores por IA.
A utilização da IA não é meramente teórica, é real. Veja-se, por exemplo, o caso da Netflix que oferece emprego milionário a especialistas em IA.
Também, há cerca de um mês, o ZAP noticiou este fenómeno crescente da IA no mundo do entretenimento.
A recriação digital de atores de cinema desaparecidos representa não só um avanço técnico impressionante, mas também uma mudança de paradigma no mundo do entretenimento — que tem levantado sérias preocupações entre profissionais da indústria.
“Os atores vivos merecem a oportunidade de criar personagens com as suas escolhas, de dar voz a desenhos animados, colocar o seu esforço humano e tempo na procura da melhor performance“, continua Zelda.
“No pior dos casos, [estas recriações] são um monstro Frankensteiniano horrendo, construído a partir de tudo o que esta indústria é, em vez do que deveria
representar”, conclui a filha de Robin Williams.
De acordo com a BBC, a ascensão do “clone digital“, gerado por IA, é extensa. E não se trata de algo propriamente novo.
Veja-se o exemplo de Paul Walker, que faleceu num acidente de viação, em 2015, e foi “ressuscitado” e aparece em várias cenas dos filmes mais recentes da franquia “Fast”.
Alguns atores, como Robin Williams, definiram em testamento limites para o uso da sua imagem após a morte, mas esse limite expira ao fim de 25 anos.
Por isso, trata-se de um assunto sensível e complexo, uma vez que se fala dos direitos de imagem depois da morte.
Estes avanços trazem consigo questões éticas e legais complexas. Normalmente, os “direitos de imagem” de uma celebridade passam para os parentes mais próximos, após a sua morte, mas o controlo final sobre a forma como a sua imagem é usada passa para o seu executor vivo.
Esperemos para ver como será o futuro da IA, bem como das celebridades já falecidas.