“Um achado incrível”. Após quase 200 anos desaparecida, rara árvore encontrada no Brasil

Fred Jordão

Ilex sapiiformis (azevinho de Pernambuco)

Uma espécie rara de azevinho, Ilex sapiiformis ou azevinho de Pernambuco, foi redescoberta na floresta tropical do Brasil — após 186 anos sem qualquer confirmação visual.

Temia-se que o arbusto, ‘Ilex sapiiformis’, também conhecido como azevinho de Pernambuco, estivesse extinto. Mas a espécie foi recentemente reencontrada, em Igarassu, no estado de Pernambuco, por uma expedição que passou seis dias a explorar a região.

A descoberta foi recebida com reações emocionadas da equipa de investigadores.

“Foi como se o mundo tivessem parado de girar“. Assim descreveu a investigadora Juliana Alencar o momento em que avistou a rara espécie de árvore — que não era vista há quase 200 anos.

“Encontrar uma espécie da qual não se ouve falar há quase dois séculos não acontece todos os dias. Foi um momento incrível, e a emoção foi sentida por toda a equipa”, acrescenta a investigadora.

O azevinho de Pernambuco foi avistado pela última vez em 1838, ano em que o naturalista britânico George Gardner recolheu a última amostra conhecida da espécie vegetal.

Desde então, a floresta tropical do Atlântico, que servia como habitat natural da espécie, diminuiu dramaticamente — 85% perdida devido ao desmatamento para a pecuária e plantações de cana-de-açúcar.

A investigadora Juliana Alencar junto a exemplares de Ilex sapiiformis

A descoberta foi ainda mais surpreendente por ter sido feita na região de Igarassu, uma área urbana com quase 6 milhões de habitantes.

“As plantas são frequentemente esquecidas na discussão sobre espécies perdidas”, nota Christina Biggs, investigadora do programa de espécies perdidas da Re:wild, cuja equipa foi responsável pela descoberta.

“É a nona das nossas espécies perdidas mais procuradas a ser redescoberta desde que a nossa Busca por Espécies Perdidas foi lançada, em 2017”, realça Biggs.

“É importante continuarmos a nossa busca. Espécies como o azevinho de Pernambuco ainda podem estar algures agarradas aos últimos vestígios da natureza selvagem”, acrescenta a investigadora, citada pelo Mongabay.

A busca envolveu um planeamento meticuloso e uma consulta extensa de registos botânicos. Inicialmente, o líder do projeto, Gustavo Martinelli, e a sua equipa examinaram mais de 12.000 registos digitais de herbários.

Quando esta análise se revelou infrutífera, a equipa orientou a sua pesquisa para coleções ainda não digitalizadas em todo o Brasil — uma abordagem que conduziu finalmente os investigadores até à cidade do Recife, no estado do Pernambuco.

A equipa foi então capaz de identificar quatro arbustos diferentes de azevinho de Pernambuco, graças à perspicácia do botânico Lenilson Barbosa dos Santos. — que soube reconhecer as pequenas flores brancas que distinguem a espécie.

O azevinho (Ilex sapiiformis) pertence à família Aquifoliaceae e é nativo da Europa e Ásia ocidental. O arbusto pode viver durante mais de 100 anos e é bastante cultivado para fins ornamentais, devido aos seus frutos vermelhos.

Armando Batista, ZAP //

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