A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, garante que está “ciente” da “dor e sofrimento” que o aumento das taxas de juro está a causar às famílias, mas insiste que a sua “missão” é a estabilidade dos preços.
Respondendo a uma questão do eurodeputado socialista Pedro Marques sobre o impacto para as famílias dos aumentos sucessivos das taxas de juro directoras na Zona Euro, Christine Lagarde assumiu que os elementos do BCE está “cientes” da “dor” e do “sofrimento que existe” devido às contínuas subidas das taxas de juro.
“Sabemos que, por exemplo, 30% dos agregados familiares nos Estados-membros têm hipotecas de taxa de juro variável e é difícil, sabemos isso”, sublinhou Lagarde numa audição regular na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
“E também sabemos que o preço dos combustíveis, o preço da gasolina nos postos, o preço da energia em geral também está a pesar muito nas famílias com baixos rendimentos”, reforçou a presidente do BCE.
Assim, “a nossa missão, o nosso dever, é fazer com que a inflação regresse aos objectivos em tempo útil”, vincou responsável do Banco Central.
“Quanto mais depressa o conseguirmos, mais estáveis serão os preços e menos doloroso será para o futuro, tanto para os que investem como para os que contraíram empréstimos”, constatou ainda.
Lagarde adiantou também que as decisões futuras do BCE “garantirão que as taxas de juro directoras serão fixadas em níveis suficientemente restritos durante o tempo necessário”.
A intervenção de Lagarde surgiu uma semana depois de o BCE ter anunciado uma nova subida das três taxas de juro directoras em 25 pontos base, tal como na reunião anterior, colocando a taxa dos depósitos no nível mais elevado de sempre da Zona Euro.
Esta foi a décima subida consecutiva das taxas de juro pelo BCE.
Nas previsões macroeconómicas de Verão, divulgadas em meados de Setembro, a Comissão Europeia reviu em baixa a previsão de inflação este ano na Zona Euro, para 5,6%, referindo que a apertada política monetária “está a funcionar”.
Mas a CE também alertou para perdas de rendimento e piorou a projecção para 2024 quanto ao crescimento económico.
ZAP // Lusa