O aspartame – um adoçante muito usado em produtos sem açúcar, como refrigerantes dietéticos – pode ter um impacto negativo na aprendizagem e na memória. As alterações no cérebro podem mesmo ser transmitidas aos descendentes.
Uma equipa de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Florida, nos Estados Unidos, descobriu que o aspartame pode causar um impacto negativo na aprendizagem e na memória.
De acordo com a ZME Science, o adoçante artificial é um dos mais utilizados para substituir o açúcar em produtos “zero” ou “diet”, como refrigerantes e sumos.
Em julho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o consumo de aspartame era seguro, apesar de algumas provas que o ligavam a um tipo comum de cancro do fígado.
No entanto, houve quem questionasse a classificação devido à falta de provas sólidas. A recente revisão da OMS não analisou os potenciais efeitos do aspartame nas capacidades de aprendizagem e memória.
Neste sentido, Pradeep Bhide e a sua equipa administraram doses de aspartame equivalentes a 7% a 15% do consumo máximo diário aconselhado pela Food and Drug Administration (FDA) em ratos machos. Depois, submeteram as cobaias a vários testes para avaliar as suas capacidades de memória e de aprendizagem.
Na experiência, os ratos tinham de aprender a encontrar uma caixa de fuga “segura” de entre 40 opções num espaço circular. Enquanto o grupo de controlo encontrou a caixa rapidamente, os ratos a quem foi administrado o adoçante demoraram muito mais tempo a completar a tarefa.
O estudo permitiu ainda apurar que os machos expostos que procriaram com fêmeas não expostas ao aspartame tiveram descendentes com deficiências semelhantes.
Estudos anteriores mostraram que o consumo de aspartame está associado a alterações neurocomportamentais, incluindo ansiedade e défices de aprendizagem e de memória. No entanto, não se sabia se os défices cognitivos, como os défices de aprendizagem e de memória associados ao aspartame, eram hereditários.
“O défice de memória de trabalho espacial é evidente às quatro semanas de consumo de aspartame e persiste pelo menos até às 12 semanas, a duração mais longa examinada”, escreveram os investigadores no artigo científico, publicado na Scientific Reports. “Os défices cognitivos são transmitidos aos descendentes masculinos e femininos ao longo da linhagem paterna.”
Os riscos do aspartame vão muito para além das capacidades cognitivas. Estudos anteriores relacionaram o seu consumo com a depressão, doenças cardíacas, demência, diabetes, cancro e enxaquecas. Agora, a comunidade científica está a explorar se os adoçantes artificiais podem aumentar a sensação de fome, levando a uma maior ingestão de calorias e ao aumento de peso.