Uma canoa de grandes dimensões, com 2.500 anos, foi recentemente recuperada do Lago Neuchâtel, na Suíça, surpreendentemente bem preservada.
A canoa, inicialmente detetada durante um levantamento aéreo em 2021, foi construída a partir de um tronco de carvalho.
Com cerca de 12,8 metros de comprimento e quase um metro de largura, é uma das maiores canoas alguma vez descobertas na Suíça.
Apesar da sua idade, a embarcação ancestral encontra-se extraordinariamente bem conservada e completa.
Segundo o arqueólogo Jean-Daniel Renaud, um dos membros da equipa responsável pela descoberta, a canoa terá provavelmente servido para múltiplos propósitos, incluindo pesca e transporte de bens ou pessoas.
Embora a embarcação tenha sofrido alguns danos ao longo dos milénios, nomeadamente pequenas fissuras nas extremidades laterais, que terão sido danificadas por tempestades, é ainda assim uma janela que se abre para o conhecimento da nossa pré-história.
“Esta é uma descoberta notável para o nosso entendimento da pré-história da região”, disse à Swiss Info a arqueóloga Nicole Pousaz, que também fez parte da equipa.
A análise de radiocarbono permitiu datar a canoa entre 750 e 520 a.C., uma época em que não se conhecem povoações existentes ao longo das margens do lago, o que torna o achado ainda mais significativo.
A canoa foi transferida para um laboratório para mais estudos, onde os investigadores tencionam agora usar fotogrametria e medições a laser para criar uma representação 3D da embarcação que permita analisar mais detalhadamente a sua forma e funcionalidade originais.
O Lago Neuchâtel tem sido nas últimas décadas um local privilegiado para a descoberta de artefactos ancestrais da Idade do Bronze e do Neolítico.
Em 2018, foi descoberta no local uma outra canoa, que os cientistas acreditam ser o mais antigo barco naufragado do mundo, no fundo do Mar Negro, onde parece ter permanecido inalterado por mais de 2 400 anos.
Na margem norte deste lago está situado o importante sítio arqueológico de La Tène, cuja descoberta, em 1857, permitiu a caracterização da “cultura de La Tène” da Segunda Idade do Ferro.