A maior flor do mundo (e mais malcheirosa) está em vias de extinção

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Raflésia, a maior flor do mundo

Atingem um metro de diâmetro e cheiram a carne podre por uma razão. Agora, “é vital salvar as plantas mais extraordinárias do mundo”.

Os cientistas estão preocupados. A maior e mais fedorenta flor do mundo está em risco de extinção.

A Raflésia produz as maiores flores do mundo, que atingem um metro de diâmetro.  É encontrada no sudeste asiático, nomeadamente na Indonésia, Malásia, Tailândia e Filipinas.

Os cientistas estimam que 60% de um total de 42 espécies da planta esteja em risco e segundo a Sky News estão a pedir que sejam tomadas medidas para proteger o seu habitat e preservada a biodiversidade na selva. Algumas destas espécies podem mesmo vir a ser erradicadas antes de serem conhecidas pela ciência.

A “flor cadáver” não é apenas conhecida como a maior flor do mundo, mas também como a mais fedorenta. Dizem os especialistas que cheira a carne podre.

Não possui folhas, caules ou raízes. Tem cinco lóbulos gigantes, vermelhos e acastanhados, que produzem o pungente cheiro para atrair moscas, que à chegada recolhem o seu pólen e, depois, transportam-no.

Ao contrário de outras plantas, não faz fotossíntese, o que significa que não obtém o seu “alimento” da luz solar. Na verdade, a “fedorenta” absorve água e nutrientes do seu hospedeiro — as videiras à sua volta. A planta passa muito tempo dentro das videiras, mas ocasionalmente floresce uma flor enorme e fedorenta.

Quando aparece, acaba mesmo por desempenhar um importante papel nas comunidades indígenas locais. É usada como um energético e reforça a fertilidade, além de curar febres e dores de cabeça, diz quem a usa como fármaco.

Por que é que a Raflésia está em risco?

A planta alimenta-se de videiras da selva que estão a ser destruídas pela desflorestação. Um tipo de Raflésia — a Rafflesia magnifica — está atualmente listada em estado crítico de perigo, o que significa que não restam muitas.

Os cientistas pedem que outros tipos da planta sejam também considerados criticamente em perigo, para que possam receber assistência de projetos de conservação para ajudar a sua sobrevivência.

Dizem os especialistas que dois terços da espécie vive fora das áreas protegidas, tornando a ação de conservação especialmente complicada.

“É agora vital salvar as plantas mais extraordinárias do mundo”, lê-se no estudo publicado no Plants, People, Planet.

O que pode ser feito para ajudar a gigante?

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42 espécies de Rafflesia estão em risco. a ciência pode nunca vir a descobrir algumas delas

Pouco se sabe sobre estas plantas misteriosamente fedorentas e mais investigações sobre como crescem e se desenvolvem poderiam ser benéficas para as ajudar.

Os especialistas dizem que proteger o habitat das plantas na selva é o primeiro passo, para além de garantir que têm sempre alimento disponível.

Cuidar da planta também beneficiará outras plantas e espécies na área e contribuirá para a biodiversidade.

A comunidade local desempenha, naturalmente, um papel fundamental neste processo, desde a extensão das áreas protegidas ao ecoturismo.

Há mais plantas fedorentas?

A Raflésia não é a única planta a exalar um odor desagradável no mundo natural. A  Symplocarpus foetidus também é famosa pelo seu cheiro — daí ter sido batizada, em inglês, em homenagem à doninha-fedorenta (skunk cabbage ou, em português, couve doninha).

Segundo a BBC, é encontrada em pântanos e florestas húmidas na América e exala um cheiro a podre que, tal como a Raflésia, atrai moscas e escaravelhos para a polinização. Também é capaz de produzir calor, o que ajuda as flores a desabrochar mesmo quando o solo está muito frio.

Existe ainda o jarro-titã  — que também tem a capacidade de aquecer e também cheira a carne podre. Também é significativamente grande e principalmente encontrado na Indonésia.

Tomás Guimarães, ZAP //

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