Descoberto o fórum romano mais antigo da Península Ibérica

Um grupo de arqueólogos espanhóis descobriu o fórum romano mais antigo da Península Ibérica, no local de uma cidade “desconhecida”. A descoberta vem trazer uma nova visão do urbanismo romano do século II a.C..

Arqueólogos do Instituto de Património e Humanidades da Universidade de Zaragoza, em Espanha, desenterraram um antigo fórum romano, na localidade de El Burgo de Ebro, no nordeste do país.

De acordo com o ArkeoNews, é o fórum mais antigo alguma vez descoberto na Península Ibérica.

O projeto de escavação, liderado por Alberto Mayayo e Borja Díaz, tem especial importância devido à sua antiguidade.

Embora o nome da cidade romana às margens do rio Ebro ainda seja desconhecido, algumas hipóteses sugerem que se possa tratar de Castra Aelia – um acampamento romano que se veio a tornar uma cidade, depois da derrota dos Celtiberos, em Numancia.

Originalmente concebida como um campo militar, a cidade terá tido uma vida demasiado curta. As evidências arqueológicas apontam para o seu desaparecimento durante as Guerras Sertorianas – um conflito interno romano ocorrido, entre 82 e 72 a.C..

Um marco histórico e arqueológico

“A principal função da cidade era possivelmente servir de ponto de entrada e redistribuição de mercadorias que chegavam pelo rio”, explicou Borja Díaz, ao El País.

“O certo é que por volta do ano 70 a.C., apenas seis ou sete décadas depois da sua construção, a cidade foi arrasada, como o demonstram vestígios de incêndio detetados e o abundante material arqueológico abandonado pelos seus habitantes. Não descartamos sequer a possibilidade de encontrar restos humanos”, acrescentou.

As recentes escavações concentraram-se na parte central do local, onde foi revelada uma praça enorme rodeada por um pórtico e salas que poderiam ter sido usadas para atividades comerciais.

Este achado, de acordo com o arqueólogo, transforma radicalmente a compreensão da fase inicial da influência arquitetónica romana na Península Ibérica.

Mesmo em Itália, existem poucas cidades que oferecem uma visão tão clara do urbanismo romano do século II a.C., o que torna esta descoberta notável pelo seu alcance e implicações para a história da arquitetura e do planeamento urbano romano.

“É uma descoberta de excecional, não só pelas suas dimensões e complexidade arquitetónica, mas por ser a praça cívica mais antiga até à data existente no interior da Península Ibérica, cuja descoberta contribuirá para transformar radicalmente o nosso conhecimento da história inicial”, disse o arqueólogo Borja Díaz.

Miguel Esteves, ZAP //

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