Um novo estudo sugere que a mortalidade da anemia falciforme é cerca de 11 vezes mais elevada do que o estimado pelos registos médicos até agora disponíveis.
A Anemia de Células Falciformes, também denominada de Drepanocitose, é uma doença que afeta cerca de 400.000 pessoas em toda a Europa, afetando desproporcionalmente jovens adultos, adolescentes e crianças.
A condição afeta maioritariamente pessoas com ascendência afro-americana ou negra, que, em 10% dos casos, apresentam uma cópia do gene da anemia falciforme — ou seja, têm o traço falciforme, que apresenta apenas um risco mais elevado de certas complicações, como sangue na urina.
Cerca de 0,3% das pessoas com esta ascendência têm duas cópias do gene, que nesse caso conduz à manifestação da doença.
De acordo com um estudo coordenado por investigadores da Universidade de Washington, esta condição está largamente sub-diagnosticada, o que aumenta significativamente o risco de infeções, problemas cardíacos, disfunções no fígado e complicações durante a gravidez.
O estudo, publicado recentemente na revista Haematology, sugere que a mortalidade da anemia falciforme é cerca de 11 vezes mais elevada do que o estimado pelos registos médicos até agora disponíveis.
Segundo os autores do estudo, o subdiagnóstico da condição implica que muitas mortes, atribuídas por exemplo a ataques cardíacos, foram na realidade causadas por algum tipo de anemia falciforme — que não foi reconhecida pelos médicos.
Esta discrepância entre os casos diagnosticados e a incidência real da condição é particularmente sentida no sul da Ásia e na África sub-sariana, onde é, respetivamente, 67 vezes e 9 vezes mais elevada.
“O nosso estudo revela a sombria realidade de que a anemia falciforme é muito mais mortífera do que a literatura científica até agora apontava”, diz Nicholas Kassebaum, investigador da Universidade de Washington e autor principal do estudo, citado pelo Sci Tech Daily.
“O número de crianças nascidas com anemia falciforme está a aumentar, o que implica também que os pais são mais suscetíveis a infeções e outras complicações severas. O diagnóstico precoce é essencial”, acrescenta Kassebaum.
Em 2021, cerca de meio milhão de recém nascidos apresentava anemia falciforme, e quase 75% destas crianças nasceram na África Subsariana.
Em todo o mundo, a anemia falciforme foi a 12ª maior causa de morte de crianças até aos 5 anos, mas está entre as três principais causas de morte destas crianças em Portugal, Jamaica, Líbia, Oman, and San Marino.