A forma como os tigres dente-de-sabre se expressavam continua a ser uma incógnita, mas um novo estudo já conseguiu descobrir em que ossos está o segredo…
Um estudo, publicado na semana passada, no Journal of Morphology, explorou a vocalização do icónico tigre dentes-de-sabre, com o objetivo de dar resposta à questão: os tigres dente-de-sabre rugiam ou ronronavam?
Os gatos modernos são divididos em duas categorias: os panterinos – “grandes felinos” -, como os leões, tigres e jaguares que rugem; e os felinos – “gatos pequenos” -, incluindo gatos que ronronam como os gatos domésticos e linces.
Os tigres dentes-de-sabre divergiram da árvore genealógica dos felinos mais cedo, tornando-os mais distintos de ambos os grupos.
As vocalizações dos gatos são frequentemente analisadas através do exame dos ossos hioide na garganta, que diferem em tamanho e número, entre as duas categorias.
Enquanto, por exemplo, os humanos têm um osso hioide, os gatos que ronronam têm nove, e os que rugem têm sete. Já os tigres dentes-de-sabre sabe-se que tinham sete ossos hioide, o que, seguindo a lógica, indicaria que rugiam.
Se fosse assim tão simples…
Adam Hartstone-Rose, da Universidade Estatal da Carolina do Norte (uma das autoras do estudo), revelou que não foi possível comprovar uma relação entre o número de ossos e o som produzido.
“Como os tigres dente-de-sabre têm apenas sete ossos na sua estrutura hióide, o argumento tem sido que é claro que rugiam. Mas quando olhamos para a anatomia dos gatos modernos, percebemos que não há evidências realmente concretas para apoiar esta ideia. A relação entre o número de ossos e o som produzido nunca foi realmente comprovada”, explicou Hartstone-Rose, à Futurity.
Os ossos hioide do dentes-de-sabre eram distintos na forma e na tamanho.
Foram comparadas as estruturas hioide de quatro espécies de gatos que rugem e cinco espécies de gatos que ronronam, com ossos hioide do tigre dentes-de-sabre.
Descobriu-se que os ossos superiores pareciam semelhantes entre gatos que ronronam ou rugem, indicando que eram os ossos inferiores, mais próximos do aparelho vocal, os mais determinantes na vocalização.
O estudo sugere que se a vocalização for determinada pelo número de ossos hioide, os dentes-de-sabre rugiam. Se for pela forma, talvez ronronassem.
“Se a vocalização é sobre o número de ossos na estrutura hióide, então os dentes de sabre rugiram. Se for uma questão de forma, eles podem ter ronronado. Devido ao facto dos dentes-de-sabre terem coisas em comum com os dois grupos, pode até haver uma vocalização completamente diferente das consideradas”, disse Adam Hartstone-Rose.
Esta pesquisa abre novas perspetivas na compreensão da vocalização dos grandes felinos antigos, desafiando as ideias historicamente aceites, de que era o número de ossos hioide que determinavam sons vocais dos tigres dente-de-sabre.