Um livro publicado em Itália por um general no ativo com criticas homossexuais, judeus, feministas, ambientalistas e migrantes tornou-se fonte de disputa partidária, recebendo apoios do partido da primeira-ministra e liderando a lista de ensaios mais vendidos no país.
O general em causa, Roberto Vannacci, 55 anos, antigo chefe de um grupo de elite de paraquedistas e que dirigia o Instituto Geográfico Militar de Florença, fez uma edição de autor de um livro intitulado “Il mondo al contrario” (“O mundo ao contrário”).
Publicado a 10 de agosto, o livro provocou indignação em Itália, dado o seu teor racista e homofóbico, tendo o ministro da Defesa italiano decidido afastá-lo do cargo.
Entre outras considerações, o general escreve no seu livro que os homossexuais “não são normais“, insurgindo-se contra as “regras questionáveis de inclusão e tolerância impostas pelas minorias”, e comenta ainda que as feições da jogadora de voleibol italiana Paola Enogu, de origem africana, “não representam a italianidade”.
O ministro da Defesa, Guido Crosetto, reagiu imediatamente, lamentando, em comunicado, “os desvarios pessoais” de um general em funções, considerando que as opiniões expressas “desacreditam o Exército, a Defesa e a Constituição”, e, na última sexta-feira, anunciou a instauração de um processo disciplinar a Vannacci e o seu afastamento da liderança do instituto que dirigia.
Hoje mesmo, Vannacci esclareceu que foi substituído no cargo de diretor do instituto de Florença, mas não demitido, garante que não se arrepende de nada do que escreveu no livro publicado e alega que se limitou a expressar as suas opiniões sem qualquer incitação ao ódio, apontando que a liberdade de expressão está consagrada na Constituição italiana.
Duramente criticado pelos partidos de oposição, designadamente de esquerda, Vannacci goza, contudo, de uma onda de solidariedade nas redes sociais, recebeu várias manifestações de apoio de forças de extrema-direita, incluindo de figuras do partido Irmãos de Itália, a principal força partidária no atual governo de coligação, liderado por Giorgia Meloni.
Tem também o seu livro entre os mais vendidos por estes dias em Itália, liderando o top de vendas na secção de ensaios da plataforma Amazon.
Entre as várias manifestações de apoio que o general recebeu desde que a polémica estalou em Itália, conta-se o desafio que lhe foi dirigido, no domingo, pelo partido de extrema-direita Força Nova, que o convidou a concorrer nas próximas eleições legislativas para o lugar de senador deixado vago pela morte do antigo primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, em Monza, perto de Milão, mas Vannacci já declinou o convite.
Apesar da reação indignada do ministro da Defesa, que é amigo pessoal de Meloni, alguns elementos do partido da primeira-ministra e membros do governo defenderam o direito do general a dizer o que pensa, ao abrigo do princípio da liberdade de expressão.
Foi o caso do subsecretário da Cultura, Vittorio Sgarbi, que no fim de semana lamentou que Crosetto tenha afastado Vannacci sem ler o seu livro, considerando que a decisão deveria ter sido deixada para as hierarquias militares.
Já o coordenador dos Irmãos de Itália, Giovanni Donzelli, defendeu que, “num mundo livre, escreve-se o que se pensa“, e criticou o principal partido da oposição, o Partido Democrático (PD, de centro-esquerda), acusando-o de ser “censor”, provocando por seu turno a ira desta força política.
“Na opinião de Donzelli, aqueles que têm funções de responsabilidade no Estado podem dizer tudo, podem ofender as pessoas, ignorar os direitos, fazer proclamações racistas e homofóbicas. Ele fala da Constituição, mas talvez nunca a tenha lido. Vamos enviar-lhe um exemplar“, reagiu a secretária da bancada do PD na Câmara dos Deputados, Silvia Roggiani.
Segundo Roggiani, o coordenador dos Irmãos de Itália “devia ter vergonha na cara”.
Por seu turno, o responsável pelos direitos do PD, Alessandro Zan, um ativista homossexual, considerou que “os delírios de Donzelli” sobre o general Vannucci “desmentem” o ministro da Crosetto, e que, “para os Irmãos de Itália, não há qualquer problema um general em funções exprimir um ódio misógino, racista e homofóbico”.
Também Angelo Bonelli, co-porta-voz da Aliança Verde e de Esquerda, considerou que as opiniões abertamente homofóbicas, racistas, misóginas e anti-ambientalistas expressas por Vannucci “estão no coração do partido de Meloni”, observando que “Donzelli não está a falar apenas por si, pois é o coordenador dos Irmãos de Itália e, portanto, está a falar por Giorgia Meloni”.
Até ao momento, Meloni não se pronunciou publicamente sobre este caso.
// Lusa
Concordo e passo a citar “num mundo livre, escreve-se o que se pensa”, e acrescento, e as pessoas tem que respeitar, a isso se chama liberdade de expressão.
Se eu tenho que respeitar que uma pessoa com tomates no meio das pernas vestido de mulher entre na mesma casa de banho que a minha mulher eles tambem tem que aceitar e ouvir a opinião dos Outros. FORA CENSURA.
Nem mais, estou plenamente de acordo. Uns têm de respeitar as opiniões, outros não? Afinal quem é que está a discriminar?
O liberalismo significa o fim da liberdade de expressão e de opinião, é tirania e despotismo, ou como tão bem descreveu George Orwell: «…Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros…».
A tua liberdade acaba onde começa a dos outros… A liberdade de expressão não pode ser desculpa para ofender outros seres humanos.
José Silva: ser homofóbico e outras coisas não é ofender, é chamar “os bois pelos seus nomes”!
Pensando bem talvez fosse melhor repor a censura a estes “bois todos” do Wokismo.
O problema de se poder dizer e escrever o que se quer será sempre o mesmo: ouvir e ler o que NÃO se quer, mais cedo ou mais tarde.
Antes de fazer juízos de valor, vou comprar o livro e lê-lo.
Depois posso dar opinião. Esta tirania de esquerda de que tudo o que não for politicamente correcto na sua perspectiva, tem que ser banido vai levar-nos à tirania de opinião e é o primeiro passo para que a democracia seja apenas aquilo que eles pensam ser correcto.
Lutei antas de 74 contra essa imposição de direita e continuarei a lutar contra esta esquerda totalitarista!
O que faz uma sociedade livre é o direito ao ódio, podermos odiar o que nos apetece e não ter receio de o expressar. Temos que ter o direito a odiar o branco ou o preto, o religioso ou o ateu, o machista ou a feminista, a direita ou a esquerda, etc etc etc…. Só não temos o direito de transformar os nossos ódios em violência. A grande mais valia das sociedades ocidentais, e a verdadeira expressão da tolerância sempre foi o direito a odiar. Só que estamos a perder esse direito com campanhas diárias contra o discurso do ódio e da desinformação. Cada vez mais vivemos na pior ditadura de todas a ditadura da opinião, ou pensas como nós achamos que deves pensar ou és criminalizado. A maior força do ocidente sempre foi a tolerância do pensamento só que infelizmente essa força está-se a perder. Quando dermos por nós estaremos a viver numa ditadura floreada, disfarçada de que é para o nosso bem, mas uma ditadura. Diz sim ao ódio, diz não à violência.