Arrendar é mais viável do que comprar casa: eis os concelhos onde compensa mais

Vitor Oliveira / Wikimedia

Há concelhos em que a diferença da renda face à prestação da casa é notável e onde se tornou mais rentável arrendar do que comprar — apesar de não terem as rendas mais baratas.

O panorama imobiliário em Portugal tem-se mostrado cada vez mais complexo para as famílias que aspiram ter uma casa nova, seja por compra ou arrendamento.

Entre março de 2022 e março de 2023, o valor médio do metro quadrado dos alojamentos familiares teve um acréscimo de 7,6%, enquanto as rendas de novos contratos de arrendamento sofreram um aumento de 10,5%, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Por outro lado, a remuneração média dos trabalhadores cresceu 7,4%, situando-se em 1335 euros no trimestre terminado em março de 2023, mas esse crescimento não é proporcional ao aumento nos valores das propriedades, avisa o ECO.

Uma das consequências mais significativas deste cenário é o impacto no crédito à habitação. A política monetária restritiva do Banco Central Europeu (BCE) fez com que as taxas de juro crescessem em 425 pontos base num ano, complicando ainda mais a situação para quem pretende comprar casa através do crédito. Como resultado, a prestação do crédito à habitação cresceu 60% para aqueles que adquiriram imóveis nos 24 concelhos mais populosos de Portugal.

Arrendar é opção mais viável

O ECO olhou para a diferença entre a renda e a prestação da casa para determinar quais os concelhos de Portugal onde é mais rentável arrendar do que comprar e, por incrível que pareça, em comparação com os crescentes custos do crédito à habitação, o arrendamento tem-se revelado uma opção financeiramente mais atraente.

Em 2022, as rendas eram, em média, 17,4% mais elevadas que a prestação do crédito à habitação. Em março de 2023, essa realidade inverteu-se com as rendas 17,4% mais baratas.

Eis então, segundo o ECO, os concelhos onde compensa mais arrendar casa do que pagar prestações de compra:

Um exemplo prático da dinâmica compensatória de arrendamento tem lugar em Loures. No município, as novas rendas são, em média, 29,7% mais baixas que a prestação do crédito para um imóvel com características semelhantes. Traduzindo isto em valores: uma casa de 70 metros quadrados terá uma renda média de 619 euros, enquanto a prestação do crédito será de 880 euros.

A área metropolitana de Lisboa é onde se observa o maior diferencial entre rendas e prestações do crédito. Em concelhos como Seixal, Setúbal, Leiria e Maia, a queda foi superior a 40% no último ano.

Mas atenção: embora o arrendamento seja mais atrativo, isso não significa que seja mais barato. Por exemplo, em março de 2022, as rendas nos 24 concelhos mais populosos consumiam cerca de 33% do rendimento das famílias. Em março de 2023, esse valor subiu para 37%. Em Lisboa, as rendas passaram de 44% dos rendimentos médios das famílias para 53% em apenas um ano.

O Porto não ficou atrás. Uma família que pretenda arrendar um apartamento de 70 metros quadrados nesta cidade deverá dispor de 45,6% do seu rendimento líquido para a renda, um aumento significativo em relação aos 37,4% do ano anterior.

E enquanto o peso das rendas no rendimento das famílias aumentou no último ano, o impacto da prestação da casa no orçamento familiar foi ainda mais acentuado. Em 2022, uma família que optasse por um crédito à habitação teria que dispor de 28,5% do rendimento familiar para a prestação. Em 2023, esse valor disparou para 45,5%.