O mistério do que existe no interior da Lua continua a intrigar os cientistas

Ultimamente, a Terra tem revelado algumas surpresas, mas o interior da Lua continua a ser um grande mistério por desvendar.

De acordo com Science Alert, por baixo da crosta de crateras existentes, o manto lunar assenta sobre — o que os cientistas pensam ser — uma camada parcialmente fundida, onde se podem encontrar pistas sobre a formação da Lua.

Mas, segundo um novo estudo publicado revista JGR Planets, pode não haver, afinal, nenhuma camada húmida.

Se os dados futuros confirmarem, o manto lunar poder ser sólido até ao fim, sem uma camada de fusão, como a teoria atual dos geocientistas.

Dependendo da interpretação do interior lunar que estiver correta, as descobertas futuras poderão redefinir ou reafirmar a compreensão do interior da Lua e da sua formação.

Nesta fase, estão em cima da mesa duas hipóteses: tanto um meio fundido, como uma secção intermédia sólida.

São necessárias mais amostras lunares para resolver este mistério, dizem os investigadores.

Michaela Walterová, uma cientista planetária do Centro Aeroespacial Alemão em Berlim, e outros investigadores tentaram confirmar a compreensão existente do interior da Lua com base nos dados existentes, nas teorias prevalecentes e em algumas ideias novas.

Compararam dois modelos diferentes do interior lunar, para ver qual deles explicava de forma realista as medições conhecidas da forma e do movimento da Lua.

A Lua circunda a Terra a uma distância média de 384 400 quilómetros (238 855 milhas). A partir daí, puxa a Terra, fazendo com que as marés nos oceanos e na atmosfera se movam para um lado e para o outro.

Estes efeitos de maré dependem fortemente da densidade, viscosidade e rigidez do interior da Lua. Mas, a atração da gravidade tem dois sentidos, e a Lua deforma-se periodicamente.

A partir do estudo destes ciclos rítmicos e da medição exata da forma e do movimento da Lua, usando o laser lunar, os cientistas podem calcular como será o seu interior.

Assim, os dois cenários parecem prováveis.

“De acordo com o primeiro, o interior lunar é quente e uma pequena parte dele pode ter derretido, formando uma camada espessa de material fraco enterrado a mais de 1000 quilómetros de profundidade sob a superfície lunar”, pode ler-se no estudo.

Este modelo surgiu quando os geocientistas tentaram conciliar medições estranhas, recolhidas por um conjunto de estações sísmicas lunares colocadas em funcionamento pelas missões Apollo — entre 1972 e 1977.

Combinados com outros dados sismológicos sobre os efeitos de maré da Lua, à época, os cientistas pensaram que a melhor maneira de explicar as suas observações era através de uma camada viscosa, parcialmente derretida, na fronteira entre o núcleo e o manto da Lua.

Esta camada fundida poderia dissipar a energia das marés e das ondas sísmicas de uma forma que correspondesse aos padrões periódicos dos dados.

Mas os resultados da nova análise de Walterová e colegas sugerem que é possível outra explicação.

“De acordo com a segunda, não existe tal camada [fundida] e a deformação medida [da Lua] pode ser explicada pelo comportamento de rochas sólidas a temperaturas relativamente baixas”, explicam os investigadores.

No entanto, as duas possibilidades “não podem ser separadas uma da outra” com os dados existentes. Por isso, ter-se-á que esperar para ver o que as futuras explorações lunares vão produzir, se forem autorizadas.

Para já, pelo menos, há uma compreensão mais profunda do que poderá estar por debaixo da superfície da Lua, mas ainda restam muitas questões.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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