A pesquisa correlacionou os resultados de datação de amostras de rochas lunares com os locais de onde foram recolhidas e descobriu que algumas partes da Lua são bem mais antigas do que se pensava.
Em muitas culturas, várias imagens pareidólicas de um rosto, cabeça ou corpo humano são identificadas nas noites de lua cheia. As imagens são baseadas na aparência das áreas mais escuras e mais claras do nosso satélite, sendo conhecidas como o “homem na Lua“.
De acordo com um novo estudo apresentado na Conferência de Geoquímica Goldschmidt e que já foi aprovado para publicação na The Planetary Science Journal, parte da superfície da Lua é muito mais antiga do que os especialistas pensavam anteriormente, incluindo várias crateras que integram o “homem na Lua”.
Determinar a idade da superfície lunar tem sido difícil, já que os resultados tendem a ser diferentes dependendo do método usado. Um método, a contagem de crateras, envolve simplesmente contabilizar o número de impactos na superfície lunar e estimar quanto tempo levaria para acumular todas essas cicatrizes; já que não há erosão na Lua, pelo que superfície permanece relativamente inalterada ao longo de milénios.
Mas a contagem de crateras nem sempre corresponde aos resultados de datação que os cientistas obtêm ao estudar diretamente as rochas lunares trazidas pelas missões tripuladas Apollo à Lua.
Desta feita, os cientistas correlacionaram meticulosamente os resultados de datação de amostras de rochas lunares com os locais de onde foram recolhidas, corrigindo as discrepâncias entre os dois métodos, explica o Live Science.
“O que fizemos foi mostrar que grandes porções da crosta lunar são cerca de 200 milhões de anos mais velhas do que se pensava”, afirma a autora Stephanie Werner, geóloga do Centro de Habitabilidade Planetária da Universidade de Oslo, num comunicado.
Os cientistas examinaram amostras trazidas da superfície lunar pelas missões Apollo, Luna e Chang’e e, em seguida, registaram as crateras ao redor dos locais onde essas rochas foram originalmente encontradas, a fim de correlacionar adequadamente as idades. Em seguida, generalizaram essas informações em toda a superfície lunar para obterem melhores estimativas de idade de áreas onde a única informação vem da contagem de crateras, não de amostras de rochas.
Uma área que era mais antiga do que o esperado era o Mare Imbrium. Esta cratera, agora preenchida com suaves fluxos de lava, forma o olho direito do “homem na lua”. Em vez de ter 3,9 mil milhões de anos, tem antes 4,1 mil milhões de anos.
Esta pesquisa pode ajudar os cientistas a identificar a geologia que pode ter preparado o cenário para o surgimento da vida na Terra – e talvez até em Marte.