Os prisioneiros russos, que eram uma das fontes de recrutamento do grupo Wagner, estão a virar as costas a Prigozhin depois de o líder mercenário ter abortado a rebelião contra o Kremlin.
Os prisioneiros russos, muitos dos quais foram lutar com o grupo Wagner na Ucrânia para poderem ser libertados e que até fizeram motins na prisão em apoio à rebelião dos mercenários, estão agora a virar-se contra Yevgeny Prigozhin.
De acordo com Olga Romanova, líder do grupo de direitos dos prisioneiros Rússia Atrás das Grades, os reclusos sentem-se “deprimidos” e “apáticos” e encaram Prigozhin como um traidor.
Romanova afirma que os prisioneiros não gostam de perdedores e que a palavra russo para “lã”, que é calão para traidor, está a ser usada nas prisões em referência a Prigozhin e aos outros mercenários que marcharam contra o Kremlin.
Os prisioneiros em Moscovo e Rostov organizaram motins em apoio à rebelião Wagner e tiveram o apoio das próprias autoridades dentro da prisão. Muitos dos reclusos ficaram zangados e desiludidos quando Prigozhin pôs um travão à rebelião e fizeram vídeos a criticá-lo, aponta Romanova.
Isto indica uma grande mudança na relação entre Prigozhin e os prisioneiros russos. O líder do grupo Wagner, que também já esteve preso, recrutou milhares de prisioneiros para lutarem na Ucrânia, com a promessa de que seriam libertados quando completassem o seu serviço mercenário, lembra a Insider.
O grupo Wagner nunca confirmou quantos prisioneiros tinha recrutado, mas os serviços de inteligência norte-americanos estimam que cerca de 40 mil reclusos estavam a combater na Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo acabou com o recrutamento do grupo Wagner nas prisões depois dos constantes ataques de Prigozhin ao Governo e à liderança militar, que acusava de sabotar os esforços dos mercenários e de não fornecer munições suficientes.
O Ministério da Defesa começou depois ele próprio a recrutar prisioneiros para os batalhões do exército russo.