A curiosidade matou Kevin Budden… ou terá sido mesmo uma serpente taipan? Uma delas não voltou a matar ninguém.
Em 1950, um ‘amante’ de répteis e anfíbios, chamado Kevin Budden, insistia em tentar apanhar uma das espécies de serpentes mais mortíferas do mundo – a taipan.
Apesar de muito novo, o caçador de cobras era já muito experiente na matéria.
Kevin começou a ganhar fama, depois de muitos jornais locais terem reportado o seu hobby de caçar cobras venenosas.
O objetivo do jovem de 20 anos era desenvolver um remédio contra o veneno das serpentes taipan – um grupo de cobras velozes, altamente venenosas e mortais.
Um dia, conta o IFLScience, Kevin e dois colegas foram a Queensland, um estado na Austrália, para tentar caçar uma taipan, para a qual, até então, não havia remédio, em caso de envenenamento.
O jovem cumpriu o objetivo e conseguiu capturar uma taipan de 1,8 metros.
Só que… quando o jovem estava a pô-la num saco, a cobra soltou-se e mordeu-o num dedo. Kevin manteve a calma e, com a outra mão, conseguiu pegar na cobra e, finalmente, pô-la no saco.
O ‘curioso da biologia’ caminhou até uma estrada, onde apanhou boleia, até ao hospital.
Kevin pediu ao motorista, do camião que o levou, que o deixasse transportar a serpente – que, segundo a IFLScience, era a a única da espécie que tinha sido capturada viva até então.
O jovem pretendia, a todo o custo, desenvolver – ou ajudar a desenvolver – o remédio.
A serpente que Kevin caçou foi enviada para Melbourne, onde pesquisadores levaram a cabo a criação de um remédio – consumado com sucesso, cinco anos mais tarde, em 1955.
Objetivo foi cumprido… mas a que custo?
“Infelizmente, o jovem que apanhou aquela cobra, para fins de pesquisa, foi mordido por ela”, disse Bryan Fry, em 2014, ao Brisbane Times.
O cientista da Universidade de Queensland analisou amostras do veneno e descobriu que, mais de 60 anos depois, o veneno “permanecia potente”.
“É claro que há um problema: quando se pega a cobra para ser a primeira a ser usada para a produção de remédio antiveneno, essa é a última cobra no mundo pela qual se quer ser mordido, porque ainda não há ainda antiveneno”, lamentou.
Ao chegar ao hospital, os médicos terão contado que Kevin estaria “cheio de bazófia e entusiasmo, mostrando maior interesse no bem-estar e conforto do réptil do que em si mesmo”.
Kevin recebeu antiveneno de cobra-tigre, que ajudou a coagular o veneno da cobra, mas o sistema nervoso continuou descontrolado, contou o IFLScience.
O relato é de que, a um certo ponto, o jovem começou a vomitar um “líquido amarelo”, a ter dores de cabeça e os seus músculos começaram a enfraquecer.
Com o passar das horas, Kevin deixou de conseguir mexer a língua e engolir, e acabou por morrer no dia seguinte.
O remédio foi desenvolvido, graças à sua ‘coragem’ – ou pura curiosidade -, mas o que é certo é que, até hoje, não se registaram mais mortes por picada de taipan.