Imunoterapia: resposta a uma questão chave promete revolucionar tratamento do cancro

The ASCO Foundation

Um novo estudo permite identificar biomarcadores capazes de prever uma resposta positiva no tratamento do cancro através de imunoterapia. Com uma eficácia muito variável entre diferentes indivíduos, a imunoterapia surge como um tratamento promissor para vários tipos de cancro.

Porque é que algumas pessoas respondem melhor à imunoterapia?

Uma equipa de investigação da Universidade de Califórnia (UCLA) descobriu biomarcadores moleculares e genéticos relacionados com a imunoterapia que são mais proeminentes em alguns indivíduos.

Este estudo, que promete revolucionar o tratamento do cancro, permite compreender porque é que alguns pacientes beneficiam mais da imunoterapia em relação a outros.

Nesta investigação, cujos resultados foram apresentados num artigo publicado esta semana na Frontiers in Immunology, pacientes diagnosticados com melanoma metastático foram sujeitos à imunoterapia, tendo-se identificado potenciais biomarcadores que estão associados a um maior sucesso no tratamento.

Nos pacientes com melhor resposta ao tratamento, as células T ativadas libertaram uma maior quantidade da proteína CXCL13, que por sua vez atraiu mais células B e T para o local do tumor.

Esta sinergia entre as células B e T, conduzida pela CXCL13, parece ser responsável por uma resposta mais eficiente.

A imunoterapia, ou imunoterapia de checkpoint, é um tratamento que procura fortalecer a resposta imunológica do corpo humano contra as células cancerígenas.

O sistema imunológico possui mecanismos chamados “checkpoints” que controlam a atividade de células imunes, de modo a evitar uma resposta imunológica excessiva ou prejudicial.

Algumas células cancerígenas conseguem “enganar” o sistema imunológico e ativar estes checkpoints, de modo a que estas não sejam detetadas pelas células imunes.

No tratamento por imunoterapia são utilizados medicamentos (como o PD-1/PD-L1 e CTLA-4) capazes de inibir os checkpoints, permitindo assim que as células do sistema imunitário reconheçam e ataquem as células cancerígenas.

Willy Hugo, co-autor da investigação, admite que “Com base nestes dados, o aumento da presença de células B e da proteína CXCL13 no tumor após o tratamento com imunoterapia pode ser um biomarcador preditivo para a resposta à imunoterapia em pacientes com melanoma.

Este pode ser o caminho para aumentarmos a taxa de resposta à imunoterapia em pacientes diagnosticados com este tipo de cancro”. Com esta descoberta será possível personalizar estratégias de tratamento de acordo com o perfil de cada paciente.

Por exemplo, num paciente que não responde tão bem à imunoterapia de checkpoint, poderão combinar-se tratamentos anti PD-1 com CXCL13 ou com terapias dirigidas às células B, de modo a aumentar a eficácia do tratamento.

Melissa Lechner, co-autora do estudo, sugere que a proteína CXCL13 desempenha um papel crucial na interação entre as células T e B dentro do microambiente tumoral, levando a uma resposta positiva por parte da imunoterapia de checkpoint.

No entanto, os investigadores enfatizam a necessidade de mais estudos para perceber se estas vias podem ser melhoradas em pacientes que não respondem tão bem ao tratamento.

Os resultados desta investigação demonstraram também que o tratamento por imunoterapia com sinergia entre as células B e T é mais eficiente no tratamento do cancro em comparação com a terapia direcionada, uma abordagem mais clássica.

Ao analisar perfis de RNA-seq de amostras de melanoma antes e após o tratamento, os investigadores descobriram que a imunoterapia desencadeou um influxo substancial de células B, enquanto que a terapia direcionada não.

Além disso, as células T exibiram um aumento significativo na produção de CXCL13, um fator quimiotático para células B, especificamente em resposta à imunoterapia.

A equipa de investigação pretende continuar a estudar os mecanismos por detrás desta variabilidade em modelos pré-clínicos de cancro. Identificar mecanismos por detrás da resistência do tumor e determinar que pacientes responderão de forma positiva ao tratamento é também um dos seus objetivos.

Este conhecimento é essencial para desenvolver terapias personalizadas e aumentar a taxa de resposta à imunoterapia.

Patrícia Carvalho, ZAP //

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