Um evento aleatório há um milhão de anos mudou o cérebro humano para sempre

Um novo estudo identificou 312 HARs e quase 30% estavam nas regiões do ADN onde as variações estruturais fizeram com que o genoma humano se distinguisse do de outros primatas.

Há certas regiões do ADN que a evolução não costuma alterar. Os mamíferos têm várias sequências que não são mexidas há milhões de anos, mas os humanos estranhamente são uma excepção a esta regra.

Dado sermos a única espécie com regiões de ADN que foram reescritas tão rapidamente, estas regiões foram batizadas em nossa honra como Regiões Humanas Aceleradas (HARs), escreve o Science Alert.

Uma equipa de investigadores identificou os HARs há quase duas décadas ao comparar genomas humanos e de chimpanzés. Num novo estudo publicado na Science, a mesma equipa descobriu que o dobramento 3D do ADN humano no núcleo foi um fator chave no momento em que a nossa espécie se começou a distinguir dos chimpanzés ou dos bonobos.

O ADN humano e o ADN dos chimpanzés têm uma diferença estrutural, já que grandes partes dos blocos de construção do ADN foram acrescentados, apagados ou rearranjados no genoma humano.

Os cientistas investigaram se estas mudanças estruturais no ADN humano poderiam ter levado a que genes específicos dentro dos HARs fossem “sequestrados”, ligando-os a diferentes genes codificadores de proteínas. Muitos genes dentro dos HARs estão ligados a outros genes, agindo como potenciadores.

Para isto, a equipa recorreu ao machine learning para comparar os genomas de 241 espécies de mamíferos. Foram identificados 312 HARs e quase 30% estavam nas regiões do ADN onde as variações estruturais fizeram com que o genoma se dobrasse de maneira diferente nos humanos em comparação com outros primatas.

A equipe também descobriu que bairros contendo HARs eram ricos em genes que diferenciam os humanos de nossos parentes mais próximos, os chimpanzés.

Ainda não se sabe exatamente como estas mudanças influenciaram aspetos específicos do desenvolvimento do nosso cérebro e como se tornaram parte integrante do ADN da nossa espécie, mas a equipa já está a planear pesquisas futuras sobre estas questões.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.