Cientistas da Universidade de Friburgo desenvolveram, no passado mês de março, um microchip que permite curar ferimentos até três vezes mais depressa que o habitual com recurso a apenas um ingrediente secreto – a eletricidade. Objetivo é ajudar indivíduos com ferimentos de lenta cicatrização.
Sabendo já que os campos elétricos podem guiar o movimento das células corporais, cientistas da Universidade de Friburgo e da Universidade de Tecnologia de Chalmers procuraram testar este efeito, desenvolvendo um microship projetado especialmente para curar ferimentos até três vezes mais rápido através do uso de correntes elétricas.
A pesquisa, publicada no Lab on a Chip em março, é especialmente destinada a idosos ou indivíduos com diabetes ou fraca circulação sanguínea, cujos ferimentos crónicos demoram longos períodos de tempo a sarar.
“Ferimentos crónicos são um grande problema social de que não ouvimos falar muito”, afirma Maria Asplund, investigadora em bioeletrónica da Universidade de Fiburgo e corresponding author do artigo.
Segundo a Science Alert, os ferimentos que demoram mais tempo a sarar correm maior risco de infeção, algo que, consequentemente, atrasa ainda mais o tempo de cicatrização – um problema que, em casos extremos, pode levar a amputação.
Com esta problemática em mente, os investigadores desenvolveram uma plataforma bioeletrónica e usaram-na para criar pele artificial, feita de queratinócitos, as mais comuns células presentes na pele e fundamentais para o processo de cicatrização.
Quando comparada à aplicação de eletricidade nos dois lados do ferimento, a aplicação de campos elétricos de apenas um lado provou ser a forma mais eficaz de curar mais rapidamente a pele artificial usada para testes.
Tanto os queratinócitos saudáveis, como aqueles que foram feitos para se assemelhar às células de indivíduos com diabetes, foram curados três vezes mais depressa do que células que não sofreram interferência elétrica. O campo elétrico usado de 200 mV/mm (milivolts por milímetro) é considerado baixo, não tendo um impacto negativo nas células.
Depois de testar a eletricidade em pele artificial, o próximo objetivo dos investigadores será testar a sua aplicação em pele humana e viva, idealmente, segundo Asplund, personalizando o tratamento do ferimento.
“Queremos desenvolver algo que seja capaz de examinar ferimentos e adaptar a estimulação com base na ferida específica”, diz a cientista, sublinhando que a equipa “acredita que essa é a chave para ajudar indivíduos com ferimentos de lenta cicatrização no futuro”.
… Com recurso a apenas um ingrediente secreto – a eletricidade. Pelos vistos não é secreto. Hehehehe.