Como é o Super Tucano, o avião da Embraer com costela portuguesa

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Embraer

A-29N Super Tucano

A Embraer vai produzir em Portugal uma versão do A-29 Super Tucano, um avião de ataque leve, para atender aos requisitos operacionais da NATO.

A parceria consta de um memorando assinado pelos governos brasileiro e português durante a Cimeira Luso-Brasileira, ocorrida no último sábado.

Esta segunda-feira, o presidente brasileiro Lula da Silva visitou nos arredores de Lisboa a sede da OGMA, empresa aeroespacial portuguesa da qual a Embraer detém 65% do capital e que fabricará o avião.

Mas como é esta aeronave e porque é que será produzida em Portugal?

O A-29N é uma versão do A-29 Super Tucano com equipamentos e funcionalidades na configuração da NATO e tinha sido lançado pela Embraer no dia 12 de abril.

O objetivo, segundo a Embraer, é atender às necessidades de nações europeias — a empresa quer aproveitar-se do aumento dos gastos de Defesa desses países por medo da Rússia após a invasão da Ucrânia.

Entre as funcionalidades, estão um novo datalink (tecnologia que permite a troca de informações simultâneas entre a aeronave, outra aeronave ou uma base no solo) e o single-pilot operation (quando apenas um piloto comanda o avião).

Conhecido pela sua versatilidade, o A-29 Super Tucano pode ser usado para ataque leve, vigilância e intercetação aérea e contra-insurgência. Além disso, consegue operar a partir de pistas remotas e não pavimentadas em bases operacionais avançadas com pouco apoio logístico, segundo a Embraer.

O avião tem preço estimado inicial de 10 milhões de dólares, mas o valor sobe dependendo da configuração. Tem velocidade máxima de 590 km por hora e pode alcançar uma altitude de 35 mil pés.

Além das funções de combate, a aeronave é amplamente utilizada como treinador avançado, devido à sua capacidade de simular missões de combate.

Segundo a Embraer, o avião é equipado com sensores e armas de última geração, incluindo um sistema eletro-ótico/infravermelho com designador de laser, óculos de visão noturna, comunicações seguras de voz e dados.

Já foram entregues 260 unidades do A-29 Super Tucano em todo o mundo. Atualmente, a aeronave é usada por 15 diferentes forças aéreas, incluindo a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).

Na passada sexta-feira, em entrevista a jornalistas, o ministro da Defesa brasileiro, José Múcio, disse que a certificação dos aviões da empresa pela NATO pode abrir portas no mercado europeu e outros. Segundo ele, a produção em Portugal é “importante porque já cumpre os pré-requisitos da NATO”.

“Vamos fabricar aeronaves brasileiras com características da NATO”, disse Múcio, que integra a comitiva de ministros do presidente Lula em visita oficial a Portugal.

Em Portugal, a Embraer também fabrica o cargueiro militar KC-390. Esta segunda-feira, Lula voltou para Lisboa a bordo dessa aeronave. Ele tinha viajado mais cedo para Matosinhos para a abertura de um fórum empresarial.

Em 2019, o governo português disse que compraria cinco aeronaves de transporte militar KC-390 da Embraer e um simulador de voo por 827 milhões de euros. Países como Suécia e Colômbia recentemente também manifestaram interesse em comprá-lo.

Segundo a Reuters, a Áustria está em negociações com a Embraer para a compra de quatro ou cinco aeronaves de carga militar KC-390.

Na sexta-feira, Múcio disse que a Embraer quer exportar o KC-390 para mais países europeus. “O Presidente [Lula] quer incentivar a indústria de Defesa brasileira e aumentar os investimentos no setor”, disse Múcio.

Já o primeiro-ministro português, António Costa, disse no sábado que o A-29 Super Tucano “passará a ser adaptado para os padrões da NATO. E Portugal passará a acolher todo o processo de formação de pilotos na Europa e em África para este caça brasileiro”.

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9 Comments

  1. Uau, uma avião militar de ataque a hélice!… Quando 1º vi a imagem, pensei tratar-se de uma foto do tempo da 2ª Guerra Mundial, mas não… 😛

    • Bolas! Os helicópteros também são aeronaves movidas a hélice, será que o Ricardo acha que são da 2ª Guerra Mundial?…(lol)

      • A base tecnológica (e da física da ‘coisa’) manteve-se – modo geral – nos helicópteros. Creio que o mesmo não se pode dizer em matéria de aviões de combate, já que se compararmos as capacidades de um avião a jato com os movidos a hélice, não será muito dificil adivinhar qual seria o resultado de um conflito entre ambos 😉

        • O Super Tocano não se destina a combater aviões a jato, mas infantaria em zonas de pouca visibiidade – como guerrilhas – que precisam de ser aproximados a baixa altitude e a baixa velocidade. Na guerra no Ultramar os T6 eram muito mais úteis do que os Fiat. Na guerra há lugar para muitos tipos de aeronaves, desde drones a jatos hipersónicos. O Super Tocano tem o seu lugar, e por isso é construído e comprado. Mas a tentação de fazer troça, só porque vai ser construído em Portugal, é demasiado grande para que alguns lhe resistam…

          • Ok, aceito a sua crítica no que diz respeito às particularidades no uso desta aeronave no tempo atual. Quer dizer, não estou a ver (e espero mesmo não vir a ver) um uso em concreto – real – onde Portugal precise de combater guerrilhas e afins mas, lá está, com certas representações e defesas na AR, nunca se sabe.
            Quanto ao meu comentário de realmente ter pensado que se tratava de uma imagem (visto em tamanho pequeno) do tempo da 2ª Guerra , é como é. Não fique também tão suscetibilizado com isso… Há coisas bem mais importantes na vida.
            E sim, seria um pouco diferente se Portugal tivesse uma indústria o suficientemente desenvolvida (também) para o fabrico de aeronaves mais avançadas, o que não é o caso. Creio que pelo menos nisto, concordará comigo (ou, se calhar, talvez não…).

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