A China está a realizar este sábado exercícios militares no Estreito de Taiwan que visam um “cerco total” da ilha, informou a televisão estatal chinesa.
“O exercício de hoje [sábado] concentra-se na capacidade de obter controlo do mar, espaço aéreo e informações (…) para criar dissuasão e cerco total” de Taiwan, referiu o canal CCTV.
A localização exata destas operações não foi informada pelo meio de comunicação. A parte mais próxima entre a costa chinesa e a ilha no Estreito de Taiwan tem cerca de 130 quilómetros.
De acordo com o canal CCTV, contratorpedeiros, lançadores de mísseis rápidos, aviões de combate, navios de abastecimento e outros meios militares estão mobilizados para estes exercícios.
Entretanto, o Ministério da Defesa taiwanês disse ter detetado esta manhã três barcos de guerra e 13 aviões chineses em redor da ilha, acrescentando que “quatro [aviões] atravessaram a linha mediana do estreito de Taiwan e entraram na parte sudeste da zona de identificação de defesa aérea (Adiz) de Taiwan”.
O Ministério alertou que os exercícios militares chineses ameaçam a “estabilidade e a segurança” regionais.
Por seu lado, o Exército Popular de Libertação (EPL) chinês afirmou que estas manobras “servem como um sério aviso contra o conluio entre forças separatistas que procuram ‘a independência de Taiwan’ e forças externas, bem como contra atividades provocadoras”, disse o porta-voz militar chinês Shi Yi, em comunicado, divulgado depois do início de dois dias de exercícios militares de “preparação para o combate” no estreito de Taiwan, anunciados já na manhã deste sábado por Pequim.
Na quinta-feira, Pequim tinha condenado a passagem da líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, pelos EUA, onde se encontrou com o presidente da Câmara dos Representantes norte-americano, Kevin McCarthy, e acusou Washington de “conluio” com Taiwan, ao mesmo tempo que garantiu “medidas resolutas e eficazes para salvaguardar a soberania e a integridade territorial”.
Depois do encontro de Tsai e McCarthy, na quarta-feira, o Governo chinês enviou navios de guerra, um helicóptero e um avião de combate para o estreito de Taiwan, e anunciou sanções contra a representante de Taiwan nos EUA, Hsiao Bi-khim, e contra o Instituto Hudson e a Biblioteca Presidencial Ronald Reagan.
Horas depois, uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou, em conferência de imprensa, que “alguns países” apoiam “a independência de Taiwan, em nome da democracia” e para “usar a ilha como forma de conter a China”, algo que descreveu como “perigoso e condenado ao fracasso”.
“O futuro de Taiwan está na reunificação e o bem-estar do seu povo depende do rejuvenescimento da nação chinesa”, disse Mao Ning, acrescentando que as “diferenças entre os sistemas de ambos os lados do estreito [de Taiwan] não são um obstáculo à reunificação”.
A ilha é um dos maiores motivos da tensão entre a China e os EUA, principal fornecedor de armas a Taiwan.
Em 1949 e após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, no continente chinês.
Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.
Na segunda-feira, o exército chinês vai realizar exercícios com fogo real no estreito de Taiwan, próximo das costas de Fujian (Leste), província situada em frente à ilha, anunciaram as autoridades marítimas locais.
A zona dos exercícios fica em Pingtan, o ponto da China mais próximo de Taiwan, de acordo com as coordenadas comunicadas pelas autoridades de Fujian.