O jornalista arrisca uma pena de prisão até 20 anos. As autoridades acusam-no de recolher informações confidenciais sobre o exército russo para o Governo dos Estados Unidos.
As autoridades russas revelaram esta quinta-feira que detiveram o jornalista americano Evan Gershkovich, um correspondente do Wall Street Journal em Moscovo, sob suspeitas de espionagem.
Os Serviços de Segurança Federais da Rússia, conhecidos como FSB, afirmam em comunicado que Gershkovich “sob instrução dos Estados Unidos, estava a recolher informações sobre um dos empreendimentos do complexo militar-industrial russo, o que constitui um segredo de Estado”.
A detenção aconteceu da cidade de Yekaterinburg, nos Montes Urais. O jornalista enfrenta até 20 anos de prisão. Os julgamentos por espionagem na Rússia são geralmente conduzidos em segredo e as absolvições são extremamente raras, explica o New York Times.
Nenhum jornalista ocidental foi julgado por espionagem na Rússia nos últimos anos. A prisão de Gershkovich é assim uma escalada significativa nas hostilidades de Moscovo contra organizações de notícias estrangeiras.
Desde o início da guerra na Ucrânia, muitos media estrangeiros reduziram drasticamente as suas atividades na Rússia após a entrada em vigor de novas leis que proibiram algumas formas de reportagem independente.
O Wall Street Journal já reagiu à notícia, negando “veementemente as alegações do FSB” e pedindo a “libertação imediata do nosso confiável e dedicado repórter”. O jornal manifestou ainda “solidariedade” com a família de Evan Gershkovich.
O repórter trabalha para o WSJ em Moscovo desde Janeiro de 2022 e já trabalhou no Moscow Times e foi correspondente da AFP na Rússia. Antes disso, foi assistente no New York Times, em Nova Iorque.