Resolvido o mistério por trás do padrão de favo de mel em desertos salgados

Os padrões de favos de mel encontrados em desertos de sal, como o Badwater Basin, no Vale da Morte, na Califórnia, e Salar de Uyuni, na Bolívia, deixam os turistas perplexos e inspiraram cineastas de ficção científica durante décadas.

Agora, um grupo de físicos acredita ter resolvido a quebra-cabeça natural.

“A paisagem fantástica exige uma explicação”, disse Lucas Goehring, professor de física da Nottingham Trent University, na Inglaterra. “O que mostramos é que existe uma explicação simples e plausível, mas escondida sob o solo”, referiu, citado pelo Live Science.

Segundo um estudo publicado na Physical Review X, a resposta está nas águas subterrâneas sob a crosta de sal. Os investigadores demonstraram como camadas de água salgadas circulam para cima e para baixo em correntes em forma de rosca, que depois são comprimidas horizontalmente para formar o padrão regular.

Anteriormente, os cientistas sugeriram que as rachaduras e os sulcos formavam-se à medida que a crosta de sal expandia-se e secava, dobrando-se e fragmentando-se sob a tensão.

Agora, a equipa observou que as tentativas anteriores de entender a paisagem não tiveram em conta o tamanho uniforme dos hexágonos, que sempre têm entre um e dois metros de diâmetro, em qualquer lugar do mundo em que sejam encontrados.

Este novo estudo confirma a ideia de que os padrões geométricos são formados por um mecanismo enraizado na termodinâmica básica, semelhante ao movimento da água quente e fria num radiador ou numa panela de água a ferver.

“Os padrões da superfície refletem a lenta reviravolta da água salgada dentro do solo, um fenómeno parecido com as células de convecção que se formam numa fina camada de água a ferver”, disse Lucas Goehring.

Os desertos de sal não são tão secos quanto parecem. Sob a crosta de sal fica uma camada de água extremamente salgada. A água evapora nos meses quentes de verão, deixando apenas uma camada de sal, parte da qual dissolve-se na próxima camada de água.

Essa camada é mais densa do que a que está abaixo e a água salgada afunda num anel que envolve água mais doce e menos densa, que sobe para substituí-la. A água evapora e deixa um resíduo de sal, que dissolve-se novamente na camada superior. O ciclo repete-se para formar o que os cientistas chamam de rolo de convecção.

A pesquisa sobre desertos de sal concentrou-se nessas correntes subterrâneas ou na crosta. O novo estudo, por sua vez, argumenta que os dois recursos interagem e espelham-se para formar os mosaicos.

Quando a água densa e salgada da superfície afunda, o sal acumula-se na crosta para formar sulcos. A crosta de sal cresce mais rapidamente nas bordas de cada hexágono porque está em contacto com água mais salgada do que no meio.

Normalmente, um rolo de convecção adota uma forma circular. Como há muitos rolos compactados numa planície de sal, no entanto, os rolos são comprimidos uns contra os outros para formar hexágonos, explicaram os investigadores.

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