Novo estudo confirmou uma relação causa-efeito entre o afastamento das redes sociais e o bem-estar em relação à aparência que os jovens sentem.
O uso dos telemóveis e das redes sociais por parte dos jovens é um dos aspetos que mais preocupa os pais, assustados com as consequências da exposição e perigos que dali podem advir.
Os educadores podem até sentir alterações no comportamento dos adolescentes, nomeadamente positivas, quando se regista um afastamento dos dispositivos.
Os investigadores atribuem esta mudança à ausência de termos de comparação, nomeadamente em relação a padrões de beleza e corporais. Helen Thai, investigadora da Universidade McGill, baseou-se na própria experiência pessoal para desenvolver um estudo científico.
“O que notei quando me envolvi nas redes sociais foi que não pude deixar de me comparar“, diz Thai. “Ver as publicações de celebridades e influencers, bem como de colegas e pessoas das redes sociais, levou a sentimentos de inferioridade.” “Elas pareciam mais bonitas, mais saudáveis, mais em forma“, lembra.
Como tal, Thai e a sua equipa decidiram testar se a redução do tempo nas plataformas tem impacto na autoestima dos jovens, pelo que recrutaram centenas de voluntários entre os 17 e os 25 anos, todos com sintomas de ansiedade ou depressão — duas doenças que deixam os indivíduos especialmente vulneráveis.
A metade dos participantes foi solicitado que reduzissem os tempos que passam nas redes sociais para 60 minutos por dia durante três semanas. A outra metade continuou a utilizar os meios de comunicação social sem restrições, o que se traduziu numa média de cerca de três horas por dia.
No início e no final do estudo foram dados aos participantes inquéritos que incluíram declarações como “estou bastante satisfeito com a minha aparência” e “estou satisfeito com o meu peso“.
Entre o grupo que reduziu o uso das redes sociais, a pontuação global sobre a aparência melhorou de 2,95 para 3,15 numa escala de 5 pontos. Isto pode parecer uma pequena mudança, mas qualquer mudança num período de tempo tão curto é impressionante, dizem os autores.
Como tal, parece óbvio que a redução do tempo de ecrãs é benéfico, daí que seja importante encontrar estratégias para o conseguir.
Poode ser útil fazer uma curadoria dos feeds das redes sociais, por exemplo, deixando de seguir ou silenciando certas contas cujos conteúdos têm um claro impacto negativo.
Tal como destaca o NPR, as redes sociais estão repletas de criadores de conteúdos que correrem a filtros e outras edições para tornarem as fotografias ou vídeos mais “perfeitos”, tornando-os totalmente irrealistas.
Outra estratégia útil poderá ser estabelecer um dia para tirar umas “férias” das redes sociais e até dos dispositivos eletrónicos, o que pode levar a que os jovens se sintam mais próximos dos amigos e família, apesar de desconectados.
Este hábito pode ser especialmente útil aos fins de semana, dias em que as redes sociais se enchem de fotografias em restaurantes, praias ou esplanadas. Nelas, os utilizadores parecem felizes e o dia perfeito, o que pode motivar comparações pouco positivas.
Na mesma linha, desativar as notificações e estabelecer limites para o uso das aplicações de redes sociais também será útil e fácil, já que a muitos smartphones veem com tal funcionalidade. No que respeita às notificações, a sua inexistência no ecrã pode diminuir a consulta diária das reses sociais.
É ainda possível ir mais além, já que diminuir o uso das redes sociais não chega. Seria importante, por exemplo, investir o tempo que antes era dedicado a elas em atividades com pessoas reais, nomeadamente encontros com amigos ou familiares.
O tempo passado sem companhia também deve ser valorizado, já que será ótimo para fazer exercício, ler ou ouvir um podcast.
Finalmente, valorizar o facto de as redes sociais serem plataformas ideias para estabelecer contacto com pessoas que têm interesses ou causas comuns. Segui-las ou acompanhar as suas publicações será sempre mais produtivo do que ver as publicações de influencers sem critério.