Novas células ciborgues podem revolucionar a medicina

Criação de cientistas de EUA e Taiwan deverá ajudar nos tratamentos para doenças, como cancro.

É uma iminente transformação da medicina, pegando em palavras do portal Science Alert.

Em causa estão “células ciborgues” semi-vivas, criadas por cientistas dos Estados Unidos da América e de Taiwan.

O estudo foi publicado recentemente na revista científica Advanced Science e revela uma nova e poderosa ferramenta em diversos contextos, na saúde e no ambiente.

Os investigadores acreditam que estas células ciborgues semi-vivas vão melhorar os tratamentos para doenças como cancro, além de ajudar a diminuir a poluição do planeta, através de processos químicos direccionados.

As células ciborgues têm muitas características iguais às células vivas mas são incapazes de se replicar, explica o portal Interesting Engineering. Assim serão mais úteis porque são controladas ao pormenor.

“As células ciborgues são programáveis, não se dividem; preservam as actividades celulares essenciais e ganham habilidades não nativas”, explicou o engenheiro biomédico Cheemeng Tan, um dos autores do estudo.

O próprio estudo lembra que as células naturais podem realizar tarefas complexas através de construções genéticas sintéticas – mas a sua replicação autónoma geralmente causa problemas de segurança para aplicações biomédicas.

Já estas células artificiais, baseadas em materiais que não se replicam, embora possuam complexidade bioquímica reduzida, fornecem funções mais definidas e controláveis.

Para criar as células ciborgues, é montada dentro de cada bactéria uma rede de polímeros sintéticos, tornando-as incapazes de se dividir.

Neste processo, as células ciborgues preservam funções essenciais, incluindo metabolismo celular, motilidade, síntese de proteínas e compatibilidade com circuitos genéticos.

Por outro lado, também adquirem novas capacidades para resistir a elementos que matam as células naturais (pH alto e exposição a antibióticos, por exemplo).

É um novo paradigma na bioengenharia celular: combina polímeros artificiais intracelulares e a sua interacção com as redes de proteínas das células vivas. Os cientistas utilizaram células bacterianas como base e adicionaram elementos de um polímero artificial.

Já dentro da célula, o polímero foi exposto à luz ultravioleta para transformá-lo numa matriz de hidrogel por reticulação, imitando uma matriz extra-celular natural.

Um dos testes de laboratório mostrou o potencial terapêutico das células ciborgues: invadiram células cancerígenas, o que indica um potencial para o desenvolvimento, no futuro, de tratamentos de saúde avançados contra o cancro. Mas num futuro que ainda deve estar distante, caso se confirme.

ZAP //

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