Jéssica viveu o impensável. Mãe e família que a raptou acusadas de violação e homicídio

O Ministério Público acusou cinco pessoas, incluindo a mãe de Jéssica, a menina morta em Setúbal, dos crimes de homicídio qualificado, rapto e violação. A acusação detalha as agressões severas que a menina sofreu num cenário que seria impensável para a maioria de nós.

Os quatro elementos da família que raptou e espancou Jéssica, a menina de três anos de Setúbal que acabou por morrer a 20 de Junho passado, foram acusados de violação agravada pelo Ministério Público (MP).

Cristina, conhecida por “Tita”, os filhos Eduardo e Esmeralda e o companheiro, Justo, assim como a mãe de Jéssica, Inês Paulo, foram acusados da práctica de crimes de homicídio qualificado (por omissão no caso da progenitora), de violação, de rapto, ofensas à integridade física e tráfico de droga.

O MP acredita que a mãe de Jéssica e a família de “Tita” introduziam drogas no ânus da criança, para a usarem como correio de droga entre Setúbal e Leiria. É, neste âmbito, que surge a acusação de violação, como refere o Correio da Manhã.

Terão sido encontradas embalagens de cocaína, ketamina e metadona debaixo da fralda e no ânus da criança, de acordo com a acusação do MP.

Antes de morrer, Jéssica passou seis dias com “Tita”, uma mulher que se dizia ser a “ama” da menina e que é suspeita de ter torturado e assassinado a criança.

Em causa estava uma dívida da mãe por um trabalho de bruxaria, de cerca de 500 euros. A menina terá sido usada para pressionar a progenitora a pagar.

Jéssica viveu um quadro de violência impensável

A acusação do MP relata em detalhe as agressões severas sofridas pela criança, como descreve o Expresso.

Assim, de acordo com o exposto, Jéssica terá passado um primeiro período de tempo na casa do casal, sendo vítima de “palmadas, murros, bofetadas e pancadas” que lhe deixaram “um hematoma na hemiface esquerda, os lábios feridos, hematomas pelo corpo e dores”.

Apesar disso, a mãe não levou a filha ao hospital, limitando-se a alimentá-la com “líquidos” nos dias seguintes.

Por não ter conseguido pagar a dívida a “Tita”, Inês Paulo voltou a entregar a filha ao casal de arguidos “como garantia do pagamento”.

Deste modo, Jéssica ficou na casa do casal durante seis dias, entre 14 e 20 de Junho, tendo sofrido agressões várias e de violência extrema.

“Tita” terá chegado a avisar a mãe, por telefone, de que se não pagasse, seria a filha a pagar as consequências. Inês Paulo terá ouvido “vozes e gritos de crianças, admitindo poderem ser de sua filha”, mas nada fez, aponta o MP.

A 19 de Junho, “Tita” avisou a mãe, telefonicamente, de que a menina tinha caído de uma cadeira e ferido o rosto, e pediu-lhe para levar medicamentos a sua casa.

Quando lá chegou, Inês Paulo encontrou a filha “completamente despida, apenas com a fralda colocada, prostrada, sem abrir os olhos, sem falar, com o corpo repleto de hematomas, queimadura na face (nariz e buço) e uma grande pelada na cabeça“, descreve o MP.

Mesmo assim, o casal não deixou a mãe levar a criança. Só a poderia levar depois de pagar a dívida.

Mas, na manhã seguinte, “Tita” telefonou à mãe para a ir buscar. Inês Paulo encontrou, então, a filha “ao colo da arguida, enrolada numa manta e com óculos de sol colocados no rosto, permanecendo sem se mexer, falar, com os olhos sempre fechados, hematomas nas pernas, com a zona da testa inchada” e “a zona do rosto toda ensanguentada“.

Nessa altura, o casal terá ameaçado que quando a criança melhorasse, a mãe teria que a entregar novamente, “senão a gente mata-te”.

Os indícios apontam que Jéssica sofreu “várias pancadas no corpo” e na cabeça e que “também lhe entornaram líquido fervente ou outro produto abrasivo sobre o rosto”.

Com a filha “completamente prostrada e sem reagir a qualquer estímulo”, a mãe deixou-a no seu quarto, sozinha, durante cinco horas.

Quando, finalmente, a foi ver, encontrou-a com dificuldades respiratórias e avisou o companheiro. Foi este que chamou o INEM, mas já nada havia a fazer e a menina acabou por morrer.

ZAP //

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