Não só o Qatar, mas também Marrocos terá pagado subornos a um ex-eurodeputado italiano para fazer lobby a favor do país.
O ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri foi acusado de receber subornos das autoridades qataris para fazer lobby em favor do país que recebe o Campeonato do Mundo de 2022. Além do Qatar, também Marrocos lhe terá pagado, sabe-se agora.
No mandado de detenção europeu a que o The Telegraph teve acesso, Panzeri é acusado de receber pagamentos para “intervir politicamente” para beneficiar não só o Qatar, mas também Marrocos.
Um tribunal italiano confirmou, este domingo, a detenção domiciliar da mulher e filha do ex-eurodeputado Pier Antonio Panzeri, detido na Bélgica.
Segundo a imprensa local, o Ministério Público italiano alegou, no sábado, num tribunal da cidade de Brescia, no norte do país, que Maria Colleoni e Silvia Panzeri, conheciam as atividades do antigo eurodeputado de esquerda. O julgamento das duas arguidas deverá começar a 19 de dezembro.
A acusação sugere que Pier Panzeri e Maria Colleoni terão recebido um cartão de crédito com 100 mil euros, de alguém intitulado de ‘O Gigante’. O casal terá gastado este dinheiro numas férias de Natal.
Maria Colleoni, mulher de Panzeri, foi detida na noite de sexta-feira na cidade de Calusco d’Adda enquanto a filha, Silvia, foi detida em Milão, ambas em resposta a um mandado de prisão europeu.
O mandado acusa a esposa e a filha de Panzeri de participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro, com uma pena possível de cinco anos de prisão, segundo o POLITICO.
Panzeri foi um dos cinco detidos na Bélgica, na sexta-feira, no âmbito de uma investigação sobre alegado lobby ilegal do Qatar, segundo a imprensa belga.
Segundo os jornais Le Soir e Knack, a polícia de Bruxelas realizou 16 buscas domiciliárias e efetuou as detenções, entre as quais a então vice-presidente do Parlamento Europeu, a social-democrata grega Eva Kaili e o recém-eleito presidente do Confederação Internacional de Sindicatos, o maior grupo de organizações sindicais do mundo, Luca Visentini.
“Há vários meses que investigadores da polícia suspeitam que um Estado do Golfo tenta influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu”, confirmou na sexta-feira, o Ministério Público Federal belga em comunicado.
Este Estado teria executado esta estratégia através do “pagamento de quantias substanciais de dinheiro, e oferecendo presentes importantes a terceiros, a pessoas com uma posição política ou estratégica importante dentro do Parlamento Europeu”, acrescentou.
De acordo com o Le Soir, o objetivo do Qatar era defender a sua imagem enquanto organizador desta competição, sobretudo depois da polémica sobre as condições de trabalho dos migrantes, bem como sobre a proteção de direitos humanos neste país.
O Ministério Público confirmou que durante as buscas foram apreendidos equipamentos informáticos, telemóveis e cerca de 600 mil euros em notas.
Ainda segundo os jornais belgas, foi localizado meio milhão de euros em numerário na casa de Panzeri, atualmente presidente da associação Fight Impunity, dedicada ao combate à impunidade por graves violações de direitos humanos ou crimes contra a humanidade.
Daniel Costa, ZAP // Lusa