Fala-se de uma possível “guerra da água” em Espanha, que está também a ser acusada de tentar secar os rios internacionais de Portugal.
Em Espanha, a Confederação Hidrográfica do Douro (CHD) anunciou esta segunda-feira que foi dada uma ordem do Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico (Miteco) para “interromper a transferência” das águas para Portugal.
Os municípios ribeirinhos ameaçavam com “mobilizações imediatas” das populações caso o envio de água para Portugal não fosse interrompido, escreve o Público. Cerca de 3.000 agricultores protestaram no centro da cidade de Leão para se opor à transferência para Portugal de 400 hectómetros cúbicos.
A interrupção da transferência de água para Portugal contraria a posição inicial do Miteco, que tinha assegurado que qualquer decisão de redução do caudal não é tomada “de forma discricionária ou de acordo com considerações caprichosas”.
O Miteco deu ‘luz verde’ ao novo Plano Hidrológico da Bacia do Tejo, documento que defende a aprovação de uma redução superior a 40% da média anual para as regiões espanholas de Almería, Múrcia e Alicante. Não se sabe ainda se os caudais que Espanha está obrigada a enviar para troço do rio Tejo em Portugal — no âmbito do Acordo de Albufeira — também podem vir a sofrer uma redução.
O Acordo de Albufeira rege as relações entre os países ibéricos nos rios que partilham. O Governo espanhol admitiu que nalgumas bacias hidrográficas será “complicado cumprir integralmente o Acordo de Albufeira”.
O El Mundo admite uma eventual “guerra da água” que pode surgir neste outono entre diferentes regiões de Espanha, devido ao novo Plano Hidrológico da Bacia do Tejo.
Paralelamente, os ambientalistas portugueses alertam para o facto de “Espanha estar a secar os rios internacionais portugueses”.
Citado pelo Correio da Manhã, o presidente da Associação Sistema Terra Sustentável – Zero, Francisco Ferreira, avançou que “a preocupação ecológica que é adotada dentro de Espanha pode não ter o equivalente para Portugal”.
A associação ambientalista avisa que “é praticamente certo que Espanha vai ter de alegar o regime de exceção por incumprimento do caudal anual”. Mais complicado é o cumprimento por Espanha dos valores mínimos de água transferida no rio Douro.
Os dados divulgados pela Zero mostram que é “obviamente impossível perfazer a água em falta”. No Guadiana, “Espanha alegou também uma situação de exceção, não tendo assim que cumprir os caudais” destinados a Portugal.
Portugal e Espanha acordaram reduzir descargas de água
Portugal e Espanha acordaram reduzir esta semana as descargas de água de barragens espanholas da bacia do Douro, assumindo a impossibilidade de cumprimento dos caudais mínimos acordados, disseram fontes do Governo espanhol citadas pela agência de notícias EFE.
As descargas que vão ser reduzidas estão previstas para barragens que têm produção hidroelétrica na zona de Salamanca e Zamora, segundo as mesmas fontes, e a decisão acordada entre os dois países avançou perante a evidência de que Espanha não conseguirá cumprir totalmente este ano, em relação ao Douro, o que está estipulado na Convenção de Albufeira.
Os contactos entre Portugal e Espanha são diários e o acordo para reduzir as descargas esta semana foi alcançado no sábado passado, disseram as mesmas fontes à EFE, que garantiram que as negociações entre os dois países respondem ao compromisso mútuo de gerir as bacias hidrográficas partilhadas “com lealdade e de forma solidária na atual situação de seca”.
Até sexta-feira, 30 de setembro, quando termina o atual ano hidrológico, Espanha tinha previsto a descarga de 400 hectómetros de água na barragem de Almendra, no rio Tomes, entre Salamanca e Zamora, para cumprir a Convenção de Albufeira, sendo este um dos pontos em que a redução acordada terá mais impacto, a par da barragem de Ricobayo, no rio Esla, em Zamora.
Segundo as fontes da EFE, a necessidade de fazer esta descarga de 400 hectómetros cúbicos em Almendra, a quarta maior barragem espanhola em termos de capacidade, teria obrigado a uma obra de emergência, para uma captação flutuante de água, de forma a garantir o abastecimento de 48 povoações de Zamora.
Sempre segundo as mesmas fontes, nas conversas entre Portugal em Espanha foram respeitadas as premissas da administração equitativa dos recursos hídricos, de atender aos usos prioritários nos dois lados da fronteira e de zelar pelo bom estado ecológico dos caudais dos rios.
Daniel Costa, ZAP // Lusa
Bastaria uma viagem de helicóptero nos anos 90, repito 90, para que se verificasse que ao longo dos afluentes do Tejo, do Guadiana e do Douro, EM ESPANHA, foram construídos diques com o propósito do desvio da água, logo aí começou o roubo!! Seria bom alguém de Portugal e da União Europeia fazerem essa viagem, para verificarem que muito antes de cá chegarem essas águas são desviadas milhares de vezes ao longo do seu caminho! Não percebo porque em 32 anos nunca ninguém processou os Espanhóis por este roubo!
Boa questão/reflexão.
Só o vão fazer quando já não houver nada a afazer
Errado. Só o vão fazer quando por cá acabar o vinho e a cerveja
E já agora,o TGV e o novo aeroporto de Lisboa .
Com países amigos assim, quem precisa de inimigos?
Não nos devemos de esquecer que Espanha está a tratar dos seus interesses coisa que Portugal nunca o fez.Mas tenho más notícias,vai continuar assim por mais umas dezenas de anos.
Não comecem a usar bidões para recolher a água da chuva não. Se cada casa em Portugal tivesse dois ou três bidões para apanhar a água da chuva, era depois a junta ou a câmara municipal ir coletar os bidões e distribuir pelos agricultores. Aí já íamos ver essa história da seca.