A falta de professores nas escolas vai agravar-se ainda mais neste ano com a reforma de mais de dois mil docentes até ao final do ano. Só em Outubro haverá um novo recorde de saídas mensais. O ministro da Educação pede “tranquilidade”, mas “sem ilusões” nas vésperas do arranque do ano lectivo.
Quando estamos a cerca de uma semana do arranque do novo ano lectivo continua o problema da falta de professores que pode ficar ainda mais sério nos próximos meses.
Em Setembro, 257 professores vão reformar-se e em Outubro, as aposentações no Ensino atingirão cerca de 280 docentes dos Ensinos Básico e Secundário, de acordo com dados da Caixa Geral de Aposentações citados pelo Correio da Manhã (CM). “É um novo recorde de saídas mensais“, como repara o jornal.
Até agora, desde o início de 2022, já se reformaram 1953 docentes. Portanto, até Dezembro, mais de dois mil professores vão deixar o Ensino, “o que constituirá o valor mais elevado desde 2013”, atesta ainda o CM.
Ministro da Educação “sem ilusões”
O ministro da Educação, João Costa, assume que, em todos os anos lectivos, “há sempre necessidades de professores que surgem”, notando que, “infelizmente, não só em Portugal, mas em toda a União Europeia” persiste esse problema.
“Com as várias medidas que temos vindo a desenvolver desde o final do ano lectivo passado, estamos a fazer tudo para mitigar as carências que existem”, aponta o governante à margem da sessão solene de abertura do ano lectivo, promovida pelo município de Castelo Branco.
Assim, o ministro espera que as aulas arranquem “com tranquilidade”. “Mas, não tenhamos ilusões“, salienta, admitindo que os problemas vão continuar.
No que diz respeito à organização das turmas, o trabalho que as autarquias estão a fazer com a descentralização, os apoios educativos aos alunos, os transportes escolares, o ministro diz que tudo “está a correr sobre rodas” para se poder arrancar “com muita normalidade”.
João Costa salienta que estão ainda a decorrer as reservas de recrutamento, sendo que a primeira saiu na semana passada e na sexta-feira vai sair uma segunda.
“Teremos ainda uma terceira, no dia 16 de Setembro. Isto vai-nos permitir, não só ir respondendo às novas necessidades que estão a surgir, de substituições de horários, de algumas baixas médicas que já entraram, mas também de ir fazendo o que já começamos a fazer que é sempre que não há candidatos professores em algum território, enviarmos para contratação de escola os horários que estão disponíveis”, frisa o ministro.
O ministro da Educação argumenta que a contratação de escola para estas substituições “tem-se revelado mais célere e eficaz no completamento dos horários”.
João Costa adianta ainda que as regiões mais preocupantes são todo o sul do país, e particularmente Lisboa e Vale do Tejo e Algarve.
“Também já fizemos algo, na primeira reserva, e vamos continuar a fazer conforme tinha sido o meu compromisso, que é pegar naqueles horários incompletos que não tinham candidato, completá-los para que candidatos a professores que se apresentavam apenas disponíveis para horários completos os pudessem preencher”, sustenta.
O governante sublinha ainda que, por esta via, cerca de 200 horários que estavam sem professores já foram preenchidos.
“Estamos a fazer esta gestão até ao arranque do ano lectivo, para podermos então fazer um balanço das necessidades que existem”, conclui.
ZAP // Lusa
No tempo da ministra Maria de Lurdes Rodrigues o povo papagueava que, por causa da queda da taxa de natalidade, havia professores a mais. Poucos demonstravam capacidade de refletir no facto de os professores também adoecerem, envelhecerem, reformarem-se, morrerem. Agora vemos uma classe de velhos e de maltratados, frustrados com uma profissão que outrora foi prestigiada, mas que agora não tem carreira nem perspetivas de futuro, em contradição com o seu papel de preparadora do futuro da sociedade e do país.
A França já passou por isto há mais de 10 anos…
Subscrevo e acrescento: profissão mal paga, burocratizada e com os bloqueios artificiais para acesso ao quinto e sétimo escalões para não se progredir na carreira!… Já para não relembrar os mais de 6 anos de serviço congelados e “perdidos” em favor da ip3 (por fazer!).