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Grande parte da destruição na Amazónia pode já ser irreversível

Os cientistas apontam as indústrias agrícola, do minério e petrolífera como as principais culpadas e recomendam que se dê mais poder de negociação aos povos indígenas.

Um novo estudo que juntou cientistas da Rede Amazónica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (RAISG) e da Coordenação de Organizações Indígenas da Bacia Amazónica (Coica) traça um cenário negro sobre o futuro da maior floresta tropical do mundo.

De acordo com a pesquisa, a destruição ambiental em certas partes da Amazónia é tão grave que é provável que já seja irreversível. “O ponto de viragem não é um cenário futuro, mas sim presente em algumas áreas da região. O Brasil e a Bolívia concentram 90% de toda a desflorestação e degradação. Como resultado, a savanização já está a acontecer em ambos os países”, lê-se no estudo.

Dos nove países que têm parte da Amazónia, apenas dois — o Suriname e a Guiana Francesa — têm pelo menos metade da sua parte da floresta intacta. Os ativistas e organizações que representam 511 nações indígenas querem agora a assinatura de um pacto global para a proteção permanente de 80% da Amazónia até 2025.

Este objetivo é bastante ambicioso dado que só 74% da floresta ainda resta, ou seja, não só é preciso proteger as partes que ainda existem, como também é necessário reabilitar partes que já estão degradadas e a sofrer com a desflorestação.

Algumas das sugestões dos ativistas incluem dar mais poder aos indígenas sobre o território, já que apenas 14% da desflorestação total acontece nestas áreas, e eliminar as lacunas nas leis que permitem a entrada das indústrias de extração de recursos. Atualmente há 100 hectares de terra indígena a ser disputados legalmente.

A instalação de minas clandestinas e a extração de petróleo são dos principais culpados da atual situação. No Equador, por exemplo, 89% de todo o crude exportado é extraído do pulmão do planeta, escreve o The Guardian.

A agricultura e a desflorestação para a criação de pastos para o gado são preocupações ainda maior. O setor agrícola é culpado por 84% da desflorestação e a quantidade de terra usada para a agricultura triplicou desde 1985.

Uma das principais recomendações do estudo é uma maior colaboração entre os governos da região e das instituições financeiras internacionais que controlam a dívida dos países da América Latina, que é uma partes do mundo com mais endividamento. As grandes dívidas tornam os países mais dependentes dos setores que destroem a floresta, como a petrolífera ou a agrícola.

Entre as outras 13 soluções propostas, os cientistas recomendam também o fim das licenças e do financiamento para a exploração petrolífera, agrícola e pecuária e para a construção de grandes barragens, a restauração dos territórios desflorestados e novos modelos governativos que aumentem a representação dos povos nativos.

ZAP //

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